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3 Dicas Para a Chegada do Irmão

"Empatia é uma das 3 dicas que nos ajudaram a preparar o filho mais velho para a chegada do irmão. Como lidar com esses desafios com respeito?"

Muitas — muitas mesmo — mães e pais escrevem para mim pedindo dicas sobre como preparar o primeiro filho para a chegada do irmãozinho. Eu entendo, nós também ficamos muito preocupados em como fazer a transição do Dante de filho único para irmão mais velho da maneira menos impactante possível. E eu digo menos impactante porque se tínhamos certeza de alguma coisa é de que seria impactante de alguma maneira.

A chegada do irmão mais novo me fez repensar muitas coisas, principalmente por causa do que eu vivi com o meu próprio irmão ao longo da vida. Se você ainda não leu e quer entender melhor, pode ler O Que Aprendi Nesse Terceiro Ano de Paternidade e Fazer as Pazes com o Passado é Necessário. Todo mundo diz que a paternidade e maternidade vem para derrubar você de alguma maneira, para que você possa se reconstruir e se tornar alguém mais completo. Eu já sabia que a grande rasteira para mim seria ter dois filhos e descobrir como ajudá-los a viver em cooperação, ao invés de rivalidade.

A diferença entre Dante e Gael é de 2 anos e 3 meses, então essas dicas que eu vou passar aqui talvez só se apliquem a irmãos com uma diferença pequena, mas eu acredito que mesmo que irmãos tenham uma diferença de idades maior, as dicas podem ajudar você. A palavra chave deste texto é empatia, afinal.

1- Pode ser mais simples que você pensa, mas você vai ter que se virar nos 30

Durante a segunda gestação da Anne, nós ficamos muito preocupados em como fazer o Dante entender que o irmão crescia ali, dentro da mãe dele. Queríamos que ele começasse a criar uma relação bacana com o irmãozinho durante a gestação, então contávamos histórias, passamos a falar sobre como o Dante nasceu e sobre como o Gael chegaria à nossa família.

Eu penso que um dos fatores que ajudaram nesse processo foi dar um nome ao Gael. Tínhamos a vontade de saber o sexo só quando ele nascesse, mas eu achava que o nome ajudaria a personificar o irmão do Dante. Deixaria de ser o irmãozinho, ou irmãzinha, e começaria a ter uma identidade um pouco mais concreta para o Dante.

Apesar disso, o que mais nos preocupava era como seria a participação dele durante o parto da Anne. Dante nasceu em casa e, obviamente, Gael também nasceria, mas ficávamos receosos com a reação do Dante. Será que ele iria se pendurar no pescoço da Anne? Será que ela quereria ele longe? Ou talvez ele ficasse assustado com tudo e nem quisesse ficar na nossa casa durante o trabalho de parto.

O que aconteceu foi bem diferente do que esperávamos — ainda bem — e lá pela metade do trabalho de parto da Anne, ele acordou. Dante ficou muito tranquilo com tudo o que acontecia e preferiu ficar comigo na sala, brincando e vendo TV. Quando as contrações começaram a ficar mais fortes e a Anne começou a vocalizar mais, Dante olhou para mim e perguntou:

— Papai, por que a mamãe tá fazendo esse barulho?

Estava tudo bom demais para ser verdade! E agora? Como é que eu ia explicar para ele que a mãe estava com dor, mas era uma dor boa, que trazia o Gael para nós? Como é que eu não me preparei para isso? Eu tinha que dar um jeito, então, sem pensar muito, disse:

— Filho, a mamãe está brincando de leão na selva. Ela está fazendo igual a um leão, que é para o Gael chegar logo!

Dante parou por alguns segundos, tentando processar o que eu acabara de falar. Então, ele responde:

— ROOOOAAAARRRRRR.

E essa foi a primeira vez que eu percebi que teria muito que usar a criatividade e bom humor para lidar com os desafios de ter dois filhos. Pode ser mais fácil do que tememos, mas com certeza teremos que nos virar nos 30, de vez em quando. E se você quiser saber mais como foi a chegada do Gael, pode dar uma lida aqui: Quando Nasce o Segundo Filho.

2- Cuidado sim, afastar não

Dante sempre foi meio brutamontes, como qualquer criança de 2 anos. Por isso, nossa preocupação era evitar ao máximo que ele não se sentisse afastado por causa do irmão, ou seja, enquanto as pessoas chamam o irmão mais velho de bruto, sem noção, desajeitado e não o deixam tocar no irmão mais novo, o bebê acaba se tornando um objeto proibido.

Ao invés disso, tentamos mostrar mais como fazer e o que fazer, usando frases como:

— Cuidado, filho, ele é pequenininho…

— Pega ele assim, devagar…

— Vamos cuidar dele com muito carinho?

Agora, é claro que tem vezes que precisamos falar mais alto e com mais urgência, se o Dante estiver na iminência de machucar o irmão intencionalmente, por excesso de amor brutamontes, e tem outras vezes que o Dante acaba machucando o irmão sem querer, porque não conseguimos evitar um incidente, mas normalmente é assim que fazemos. De todo modo, ficamos felizes em conseguir trazer o Dante para perto do irmão, e não afastá-lo por excesso de cuidado.

3- Exercite a empatia

Guardei essa dica para o final do texto porque, apesar de parecer uma dica manjada, é sempre importante ter empatia pelos nossos filhos. Eu tento exercitar diariamente o olhar empático com ele, pensando em como que essa mudança aconteceu e como ela ainda impacta na vida dele hoje.

As coisas mudaram bastante na vida dele, e a criança que tinha tudo passou a dividir tudo. Ele perdeu a nossa disponibilidade física e emocional, por vários motivos: o cansaço da vida de ter dois filhos, as demandas urgentes e intensas de um bebê pequeno e a nossa própria adaptação à nova dinâmica da família.

E, então, eu me pego pensando em como ele pode sentir que perdeu tudo e como ele pode pensar que nós não o amamos tanto quanto amamos o irmãozinho dele. Afinal de contas, toda a atenção do mundo está voltada para o bebê! Não adianta, por mais que nós saibamos que estamos fazendo o possível e impossível para atender as demandas dos dois filhos, por mais que nos esforcemos para dar também atenção ao Dante, certamente não é isso que ele percebe.

Aos olhos dele, toda a atenção do mundo é do irmão. Ele está perdido nessa nova realidade. Nós também estamos. Mas é na empatia que eu consigo me reconectar com ele. Todos os dias.

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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Comentários

2 comentários em “3 Dicas Para a Chegada do Irmão”

  1. Fernanda Lou

    Lindo texto Thiago. Sempre me pergunto como vai ser quando isso acontecer aqui. Como será ter o segundo filho? Como será amar outra criança? Será que vou sentir falta do primeiro? Será que ele vai superar essa fase? Se vc, o expert em criação com apego passou por essas incertezas, meudeus, o que será de nós?! rsrsrs. Tb tenho o sonho de não saber o sexo do segundo bb, queria manter isso, mas sua colocação me fez pensar nesse outro lado. Enfim, nesse caso, não gostaria de abrir mão desse desejo. Obrigada, sempre. Bj

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