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Amamentação, Versão da Diretora

"Você já deve saber que um dos superpoderes que eu invejo nas mães é o de amamentar. Não existe coisa mais fenomenal (depois de parir) do que prover alimento, conforto e segurança ao mesmo tempo e de graça, mas é muito importante que nós tenhamos uma visão também realista da coisa, porque existe uma tendência de se romantizar a amamentação, o que cria falsas expectativas para novas mães e pais."

Estamos bem na Semana Mundial da Amamentação e ontem, de noite, minha esposa resolveu postar em seu perfil do Facebook algumas fotos dela enquanto amamentava e, enquanto conversava comigo, fomos nos lembrando um pouco sobre como as coisas foram para a gente. A Anne, que é uma das maiores inspirações da minha vida, acabou me inspirando a escrever esse post.

Você já deve saber que um dos superpoderes que eu invejo nas mães é o de amamentar. Não existe coisa mais fenomenal (depois de parir) do que prover alimento, conforto e segurança ao mesmo tempo e de graça, mas é muito importante que nós tenhamos uma visão também realista da coisa, porque existe uma tendência de se romantizar a amamentação, o que cria falsas expectativas para novas mães e pais.

Eu pretendo falar sobre isso com mais calma no futuro, até porque estou tentando manter uma certa ordem cronológica nos meus relatos (veja meus relatos bem aqui), mas é bom que fique claro uma coisa: o primeiro mês de vida é punk. De verdade.

Os motivos são variados, seja porque os pais ainda estão se adaptando à nova vida, seja por algum problema específico ou, como acontece com certa regularidade, por problemas no início da amamentação. Anne e Dante tiveram bastante dificuldade na amamentação, especialmente no primeiro mês. E é por isso que essa versão sem cortes da nossa história de amamentação é tão importante para ser divulgada.

A Anne passou por uma cirurgia estética nos seios há alguns anos, então já durante a gestação, ela se demonstrava muito preocupada e desconfiada de que os ductos estivessem intactos e que ela pudesse amamentar de verdade. Quando o Dante nasceu, o queixo dele era bem retraído e, somando ao bico curto da Anne, eles tiveram uma dificuldade extra para se entenderem. Ao longo dos dias, surgiram fissuras e, para piorar, cândida nos seios. Ela sentiu muita dor. Dor de verdade. Dor de chorar. Dor de dar vontade de desistir.

Todos têm o direito de conhecer a realidade da amamentação. E essa realidade, principalmente nos primeiros dias, pode significar dor e frustração. Lembro-me da Anne frustrada, olhando as fotos de pessoas amamentando lindamente, todas sorridentes e aparentando sentir prazer. Ela ficava completamente decepcionada: “como aquilo pode ser verdade, se o meu peito só sangra e eu choro?”.

Tivemos muita sorte, porque eu tive a chance de tirar um mês inteiro de férias assim que o Dante nasceu, para que pudéssemos curtir e passar pelas turbulências juntos. Também tivemos sorte de contar com a ajuda da nossa doula, Ingrid, da parteira, Maíra, e da consultora de amamentação, Bianca. Porém, quando os tempos são turbulentos, toda a corrente tem que estar forte, então se um dos elos falha, tudo fica comprometido. Não tivemos o suporte da pediatra, o que culminou com a Anne ficando uma semana inteira sem amamentar, desencadeando outra série de problemas e, dentre eles, uma redução considerável na produção de leite. Ela ficou quase sem leite nenhum.

Depois disso, a Anne teve que passar por um processo de relactação que, após algumas semanas, proporcionou que ela voltasse a amamentar nosso filho exclusivamente. Durante essas semanas, nossa casa era um armazém de chás de amamentação, ervas com nomes esquisitos, folhas de repolho, sondas de relactação e muita, mas muita determinação da Anne. Foi uma das maiores vitórias das nossas vidas, e isso é a grande prova de que não há nada que você não possa resgatar e fazer certo.

Ao mesmo tempo em que é importante saber que a amamentação pode ser difícil, dolorido, decepcionante e frustrante, é importante também saber que depois que tudo isso passa, você esquece boa parte dos problemas e a coisa fica realmente prazerosa e linda. Hoje, com quase oito meses, Dante mama em livre demanda, enquanto a introdução alimentar de sólidos é feita gentilmente.

Se você que está lendo é pai, saiba que o seu papel é fundamental na amamentação. Você tem que dar todo o apoio (físico e emocional) para que a sua esposa consiga amamentar com sucesso. Acredite na amamentação, ajude sua esposa, participe de tudo.

Se você que está lendo é mãe, parabéns. Você tem superpoderes que ninguém mais tem. Essa história de leite fraco, baixa produção, etc. é tudo balela. Acredite nos seus peitos, e deixe seu bebê plugado neles. Acredite, nem seus peitos, nem seu bebê, irão decepcionar você.

Até quando ele vai mamar? Até quando ele quiser. Foi tão trabalhoso o começo de tudo, então porque botar um limite na hora de colher os frutos?

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Mãe, pai e filho. Não faltam motivos para comemorar.

Para finalizar, o relato que a Anne postou em seu perfil, no Facebook. Eu tenho uma baita sorte de ser casado com ela, e o Dante tem uma baita sorte de ser filho dela. Mãe, esposa, amiga. Inspiração.

Fotos da gente, em comemoração ao inicio da semana mundial de amamentação. Amamentar foi uma grande vitória nossa…e tá pra existir coisa que eu mais ame fazer nessa vida. Na primeira, Dante super nenem e a gente ainda estava se entendendo, nas outras pura sagacidade! Hoje Dante com quase 8 meses ainda mama em livre demanda e assim pretendemos seguir enquanto ele quiser. Nosso início foi turbulento, difícil e muito…muito dolorido. Nada parecido com as lindas imagens de campanhas de amamentação. Em meio a dor e fissuras, cheguei a ficar 7 dias sem conseguir amamentar e depois de algumas semanas de relactação, tudo se ajeitou. Hoje posso dizer com muito orgulho que sinto um prazer enorme em amamentar meu filho, mas nem sempre foi assim. Quando estamos envoltas na nuvem de dor dos primeiros dias ( que pra mim duraram semanas) pensamos em desistir…nem sei quantas vezes pensei em desistir.O importante é ter em mente que o perrengue VAI PASSAR !! Tive muito…muito apoio e isso fez toda a diferença! Todo meu amor e gratidão a Ingrid Lotfi, Maíra Libertad e Bianca Balassiano Najm. E em especial ao Thiago Queiroz por tanto amor, incentivo e compreensão.Anne Brumana

 

 

 

 

 

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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