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Das Coisas Que Caras Curtem

"Pois bem, a esta altura, você já deve saber que eu sou um cara. E esses caras gostam de fazer coisas de caras. Como ficam os caras quando viram pais?"

Nesta semana, escrevi sobre coisas de caras, para Os Mamíferos, no Vila Mamífera. Na verdade, este foi o primeiro post que eu escrevi, antes mesmo de publicar oficialmente o Paizinho, Vírgula! Então, já dá para perceber que tenho um grande carinho por este texto, né?

Das Coisas Que Caras Curtem

Pois bem, a esta altura, você já deve saber que eu sou um cara. Não se deixe iludir pela simples palavra, porque “cara” é de difícil definição. Para começo de conversa, apenas caras reconhecem outros caras. E esses caras gostam de fazer coisas de caras. Difícil entender? Deixe-me tentar simplificar as coisas.

Eu sou um cara. E, sendo um cara, gosto de fazer coisas de caras como, por exemplo, beber, jogar vídeo-game e ir na academia – eventualmente. Caras são esses homens que curtem fazer essas coisas que parecem chatas, mas não são. Para ser sincero, bateu um medinho agora… Será que outros caras me reconhecem como um cara? Espero que sim. Mas, bem, isso não vem ao caso.

A questão é que antes de engravidarmos (se você não leu a história, pode ler em A Pílula Vermelha e Saindo da Matrix), eu já era um cara. E se tem uma coisa que eu curto é jogar vídeo-game. Caras sabem que jogar vídeo-game é muito maneiro. Além disso, travo uma luta eterna contra a balança, então tive que desenvolver gosto pela academia que serve, inclusive, para contrabalancear outra atividade de caras: beber.

A intensidade de atividades de caras reduziu bastante ao longo da gestação, principalmente no tocante à bebedeira, uma vez que a minha companheira de copo, Anne, precisou parar de beber por motivos óbvios, até porque, não queríamos que a gestação do nosso filho fosse em conserva. Mas o vídeo-game e a academia rolavam com certa (reduzida) frequência.

Mas daí o pequeno Dante nasceu (você pode ler o relato em De Quando Dante Nasceu – O Parto Domiciliar Visto Pelo Pai) e, principalmente pelo estilo de criação que decidimos seguir, as coisas de caras foram reduzidas drasticamente. De vez em quando, eu conseguia até jogar um pouquinho, mas era raro. E a academia ficou para uma hora antes do trabalho, coisa bem breve mesmo. Não me entenda mal, é ótimo (e viciante) cuidar do seu filho, mas, sabe, às vezes o cara interno fica perturbando as suas ideias. As bebidas eu já havia deixado de lado, porque a Anne, amamentando, continuaria afastada das bebidas.

Então, era uma sexta, um dia antes de o Dante completar 5 meses de vida. Depois de longo jejum de vídeo-game e uma semana fraca de academia, estava eu planejando acordar cedinho no sábado, para fazer uma atividade de cara. Ahhhh, que beleza! O cara interno estava feliz! Estava confuso, sem saber se iria aproveitar para ir na academia rapidinho, ou se jogaria vídeo-game. O vídeo-game estava ganhando, por motivos óbvios: na verdade, era só preguiça de malhar mesmo. Ok, combinado, vídeo-game será, e na hora eu escolho o que jogar!

Eram umas 6:30 da manhã quando o Dante acordou e começou a chutar a minha cara. É claro que, se ele vai ficar atravessado na nossa cama, os pés ficam apontados para a cara do pai, nunca da mãe. Verifiquei que horas eram, e estava muito cedo, dava para enrolar um pouco. Brinquei um pouco com ele, dei uma enrolada, mas ele não voltou a dormir. Então, levantamos, trocamos a fralda e ele deu aquele sorriso. Aquele sorriso que faz você esquecer de tudo. O sorriso que derrete geleiras. De repente, não queria mais saber de nada, estava novamente envolto pela aura de pai, pronto para passar o dia inteiro colado nele. Voltamos para o quarto e vi que a Anne ainda dormia. Olhei para ele, todo lindo e peralta, e conclui: que tal irmos na padaria descolar o café da manhã da mamãe?

E foi assim que eu e ele saímos na rua sozinhos, pela primeira vez. Eu, ele, e a nossa kepina de sapos.

Se eu continuo sendo um cara? Pouco importa, porque agora eu tenho certeza que, daqui a alguns aninhos, eu serei O cara para o meu filho, com certeza. E isso é muito mais divertido.

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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Comentários

7 comentários em “Das Coisas Que Caras Curtem”

  1. Tô de cara, cara de quem não dormiu sem que eles hajam nascido, cara de quem chupou limão e, quando olha para o lado, vejo a minha esposa e nossos rebentos com 6 meses na barriga e fico com uma cara de feliz. Eu já abandonei a balança, ainda que todos os dias luto contra as gorduras… Tenho a bermuda de para exercícios pendurada na secadora, pronta ali, prontinha para suar… Deixa quieto rs.

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