Semana passada, escrevi sobre rótulos lá para Os Mamíferos. Rótulos que recebemos pelas escolhas que fazemos, pela maneira que criamos nossos filhos. O texto também pode ser lido aqui.
A Criação com Apego Vista da Matrix
Você já ouviu falar na Matrix? Ou de quem ainda está na Matrix? Essa é uma referência ao filme Matrix, de 1999, onde alguns humanos conseguiam “acordar” de uma simulação de realidade e eram capazes de viver, então, no mundo real. Esse trocadilho vem bem a calhar, para definir o estado em que as pessoas ficam quando descobrem a realidade sobre o parto no Brasil.
Esse é um termo que foi popularizado nos meios de ativismo pelo parto, mas que acaba se estendendo à criação intuitiva, ou com apego. No meu blog, já contei sobre como esse foi esse “despertar” para mim, como você pode ler em A Pílula Vermelha e Saindo da Matrix. Nós, que “saímos” da Matrix, sabemos muito bem o que se faz dentro dela, tanto em termos de parto e criação de bebês. Mas como é que nós somos vistos por quem ainda está na Matrix?
Num universo predominantemente feminino (por motivos óbvios), elas são conhecidas por índias. Mais carinhosamente, azíndia, ou azativista. Tanto que esses termos acabaram virando chacota e todas acabam se referindo dessa maneira, dentro de seus grupos de relacionamento. E que tipo de rótulo nós, da criação com apego, recebemos?
Somos criticados diariamente por todos à nossa volta, especialmente familiares, mas sempre os alvos de rótulos são os nossos filhos. Dizem que eles vão ficar mimados, preguiçosos, dependentes, indomáveis, e toda uma sorte de palavras que podem ser facilmente contestadas por pais empoderados. Só resta resolver se vale a pena o estresse ou não.
Mas e você, pai apegado ou mãe apegada? Que tipo de rótulo o pessoal da Matrix utiliza para você? Não é minha intenção fazer disso uma guerra de rótulos, até porque Matrix já é um rótulo por si só, mas talvez, sabendo que tipo de rótulo espera por você faça com que seja mais fácil lidar com as críticas. Principalmente as críticas de pessoas próximas e que têm significado para você.
Eu posso começar aqui, contando um dos rótulos mais inusitados que eu já recebi pela maneira que eu e minha esposa escolhemos para criar nosso filho:
– Ah, mas você é natureba.
Natureba. Exatamente isso, natureba. Para início de conversa, não consigo ver muitos pontos negativos em ser natureba. Mas ainda assim, é algo para se pensar. Eu mesmo, to longe de ser natureba, pelo sentido literal da coisa. Minha alimentação está longe de ser natural, mesmo que eu esteja buscando melhorá-la a cada dia, mas imagino que, ao assumir uma posição de criação com muito afeto, amor e cuidado, eu possa seja confundido por sair dos modelos tradicionais.
E você? Também é natureba? De que mais você já foi chamado(a)?
6 comentários em “A Criação com Apego Vista da Matrix”
CHATA! Sempre me chamam de chata! Falam que eu sou uma mãe ruim por evitar doces e porcarias na alimentação da minha filha e por não deixar ela assistir DVDs infantis. Eu prezo ela saúde da minha filha e eu sou ruim… vai entender!!! hahaha
Andressa
http://www.entrefotosebeijos.blogspot.com.br
Esses posts me confortam sempre!
Hehehe verdade! Ah, e obrigado pelos elogios!
Olha, acho que entre parentes é mais sábio ainda… rsrsrs… Mas eu acredito que, se o filho é nosso, a gente tem que fazer o que acredita ser o melhor… sem dar satisfação aos outros… Ah, adoro seus posts! Parabéns!
Aprendi, ao longo dos anos, a não contar muita coisa aos outros…
É uma atitude bastante sábia… Pelo menos no trabalho, eu evito bastante.