Por Carolina Cesconetto Martins
Hoje de manhã, eu estava dando aquela olhadinha no Instagram, quando vi que o Paizinho, Vírgula havia pedido sugestões, críticas, elogios ou “qualquer outra coisa” nos Stories dele.
Senti que era o momento de contar para ele o quanto ele me ajudou nos últimos anos, mas era tanta coisa, que achamos melhor organizar tudo em um texto.
Bem, sou mãe de dois carinhas amados: o Felipe e o Pablo. Quando eles eram pequenininhos, eu dava colo quando choravam, fazia cama compartilhada (sem saber que tinha esse nome), usava empatia e meu instinto como guia na maternidade, mas achava que estava criando monstrinhos e que seriam incontroláveis na adolescência e vida adulta. Afinal, era o que me diziam.
E para ensinar limites? Nunca concordei com palmadas, mas cheguei a usar o cantinho do pensamento com muita dor no coração — muita mesmo. Até dava algum resultado com o Felipe, mas com o Pablo, nunca!
Não sei exatamente quando encontrei o blog do Paizinho, mas foi entre 2012 e 2014. Gente! Foi muita emoção.
Saber que eu não estava sozinha e muito menos louca. Saber que tinha pessoas no mundo que pensavam como eu e ainda podiam me dar dicas de alternativas para a disciplina? Não dá para explicar o alívio que senti.
Maaaaass.. Tudo tem um “mas”. Meus filhos são alguns anos mais velhos que os filhos do Paizinho, e muita coisa eu tive que ir adequando. Ao longo desses anos, outras pessoas começaram a escrever sobre o assunto, mas até hoje não encontrei alguém com filhos da idade dos meus. Então, fui adaptando as ferramentas e os princípios da criação com apego e disciplina positiva que aprendi.
Recebi — e ainda recebo — críticas, mas sempre pensei: “vou tentar do meu jeito, lá na frente eu vejo se deu certo”.
E então, acho que o “lá na frente” começou a chegar. Esse ano foi um ano mágico nesse sentido. Consegui colher vários frutinhos de todo o meu trabalho e é isso que venho dividir com vocês. Tomara que acalente corações, como senti o meu coração quentinho quando encontrei o blog do Paizinho há tantos anos.
O Lipe, hoje, está com 11 anos e o Pablo com 8. Não conheço ninguém com filhos nessa idade com a mesma linha de criação, o que dificulta bastante a troca de idéias, mas queria dizer para seja lá quem estiver lendo esse texto: vale a pena!
Eu senti ter valido a pena todas as vezes que o meu mais velho olhou pra mim e disse: “mãe, parece que tu estás triste ou braba, tá tudo bem?”.
Valeu a pena quando vi o meu mais novo acolhendo o amiguinho e dizendo “tá tudo bem se sentir triste, já vai passar”, na mesma semana em que o mesmo amiguinho disse pra ele “não exagera, não é pra tanto”.
O Pablo, nesse ano, também pediu para ficar sozinho no passeio de escola (porque o amiguinho estava incomodando muito) e depois de usar o tempo que ele precisava, voltou a brincar normalmente.
Foi gratificante ver que, em todas as vezes que eles estavam com raiva de mim, eles conseguirem expressar que estavam brabos/tristes/chateados, mas que ainda me amavam.
Pedirem para ficar sozinhos ou para serem abraçados, conforme a necessidade. Mesmo nessa idade, ainda ajudo a identificar os sentimentos e ofereço alternativas, mas nem sempre eles conseguem verbalizar, e eu vou perguntando: “quer ficar sozinho? Quer que a mãe fique contigo? Tá com raiva? Tá frustrado?”.
Foi arrepiante quando eu precisei ficar sozinha e o Lipe fez exatamente como eu faço. Ele foi no quarto, falei para ele que precisava ficar sozinha e ele disse: “eu sei como tu se sentes, tu quer ficar sozinha, mas não quer se sentir só”.
Foi desafiador ver o meu grandão deixar de ser criança e virar um pré-adolescente. Não aquele tipo de pré-adolescente comum, pressionado a já se interessar por mulheres e gostar de futebol para ser “machão”. Ao contrário, eu o percebo experimentando papéis, se rebelando, vendo o que serve e o que não serve para esse adulto que ele está se transformando (aprendi o conceito de rebeldia no livro “Positive Discipline for Teenagers”, também indicado pelo Thiago).
Nesse ano, também vi o meu filho de oito anos buscando uma solução para se afastar do amiguinho tóxico sem magoar os sentimentos do menino. E o mais velho me chamando atenção para dar dinheiro para o artista de rua, que eu não percebi porque estava distraída.
Vi o meu mais velho triste porque adultos na escola falaram para ele se afastar de determinados garotos, porque eles seriam bullies, e eu embarquei no meu preconceito, falando o mesmo. Ele mostrou o quanto estava frustrado, pois queria tirar as próprias conclusões. Então, deixei ele seguir e ele até perdeu o interesse, mas foi importante para eu entender a dinâmica dessa idade, igual a quando nossos pequeninos estão aprendendo a andar: sabemos que eles vão cair e se machucar, mas não podemos evitar, e só podemos estar lá para acolher quando doer. É a mesma coisa com pré adolescentes, mas como é desafiador, né?
Pelas minhas contas, são uns quatro, talvez cinco anos me permitindo ser a mãe que eu gostaria de ser. Usando as ferramentas que aprendi e aprendo por aqui. Tive medo, sim, de “dar errado” e claro que ainda morro de medo da adolescência, porque não estamos nem perto ainda.
Eu posso não ter criado os filhos do jeito que algumas pessoas acham que é certo. Eles não “obedecem”, não beijam ou abraçam pessoas se não estiverem a fim, não “fazem sala”. Mas eles se preocupam com os sentimentos dos outros, cuidam do planeta e são questionadores.
Para mim, já está dando certo.
2 comentários em “A Adolescência e os Frutos da Criação com Apego”
Obrigada por compartilhar!
Para mim esse texto foi como un colinho quentinho e cheio de carinho! Obrigada, obrigada!