Eu sou um pai de três filhos agora, então se existe alguma coisa que eu já ouvi bastante foi palpite. A Anne, então, que é mãe, já ouviu muito mais porque, afinal de contas, todo mundo adora julgar uma mãe, por mais que isso seja uma das coisas mais cruéis que existe.
Mas vamos lá, por que palpite tóxico? Esse conceito de palpite tóxico me veio quando eu parei para pensar nos efeitos dos palpites em pais e mães. Mais do que isso, eu comecei a pensar sobre a motivação dos palpiteiros.
Começando pelos efeitos nos pais e mães, é de comum acordo que todo e qualquer palpite mina a nossa auto-confiança, agora pense numa mãe ou pai que já mal dormem uma noite inteira, que estão exaustos, que encontram já sua confiança balançada pelo cansaço. Qual o impacto desse palpite? Ainda mais severo.
Agora, podemos falar sobre quem palpita. Eu vejo uma distinção clara entre dois tipos de palpiteiros. O primeiro palpita por mera falta de noção, porque não entende os impactos que o seu palpite não requisitado provoca em uma família.
Para esses palpiteiros, ajuda muito quando conversamos com ele, dando um senso de realidade e apresentando o que esses palpites causam em nós. Se conseguirmos falar de forma não violenta (por mais que tenhamos todos os motivos para dar uma “voadora” em palpiteiros), existe uma grande chance de conseguirmos transformar a pessoa palpiteira em alguém que tem mais empatia.
Toxicidade em forma de palpite
Mas agora chegamos ao palpite tóxico. O que é esse palpite? Por que ele é diferente do palpite que eu descrevi anteriormente? Bem, a maior diferença é que, ao contrário do palpiteiro descrito acima, esse palpiteiro não vai mudar quando conversarmos com ele ou ela.
Isso acontece por causa da motivação, que também é diferente. No palpite tóxico, a motivação principal é manter o status de poder e superioridade de quem faz o palpite.
Ao contrário do palpite “sem noção”, que pode até vir carregado de boas intenções, o palpite tóxico chega com a missão de acabar com a nossa auto-estima.
É o tipo de palpite que apenas deseja tirar de nós a confiança que temos em nós mesmos, enquanto pais e especialistas dos nossos próprios filhos. E quando isso está abalado, deixamos abertas as portas para que outras técnicas entrem na nossa vida, técnicas essas que provavelmente discordamos, mas aceitamos porque não acreditamos na nossa própria capacidade de criar os nossos filhos.
O que fazer então? Tem salvação ou estamos fadados a sofrer os efeitos do palpite tóxico?
Eu posso dar duas sugestões aqui: a primeira é a mais óbvia de todas, e envolve afastar as pessoas que dão os palpites tóxicos. Pessoas assim não estão realmente empenhadas em melhorar o nosso bem-estar.
A segunda, e talvez mais importante, é: empodere-se. Tenha amigos ao seu redor que compartilham da mesma visão de mundo e filhos que você. Esteja com pessoas que fortaleçam você ou que, se discordam de você, que não usem essa diferença para julgar e reduzir a sua importância.
Nesse sentido, grupos em redes sociais podem ajudar bastante, porque quando encontramos essas pessoas que nos fortalecem, temos aquela sensação de que não somos os únicos ETs que pensam diferente a criação dos nossos filhos.
Agora, muito cuidado, porque nem sempre as pessoas que têm palpites tóxicos são as que utilizam do castigo, punições e choro desassistido. Às vezes o palpite tóxico está bem ao nosso lado, e utilizando a própria criação com apego para julgar e atacar outros pais e mães.