Por esses dias ouvi umas músicas, assisti a uns seriados e filmes, soube de algumas notícias e li alguns textos que me comoveram muito.
Hei de concordar, existem coisas que mexem fundo demais, no seio dos maiores medos que guardo.
Eis pois algumas reflexões que gostaria de partilhar…
Certa vez um amigo filósofo me fez a seguinte provocação: “já reparou que, para explicar uma palavra, precisamos de vários sinônimos e apenas um antônimo? Por exemplo, para explicar o medo podemos utilizar palavras como pavor, fobia, receio, temor… Mas se eu disser que é o oposto de coragem, e a pessoa tiver uma boa ideia do que é coragem, a palavra ganha maior entendimento.”
Não sei se ele está certo, mas certamente me conduziu a uma reflexão mais intensa: é observando a morte que melhor se pensa sobre a vida.
A despeito de minhas crenças ditarem que a morte não é o fim da vida, a morte me assusta. Tremendamente. Não a minha morte ou o conceito de morte em si, posto que é natural. Mas a possibilidade de minhas filhas irem antes de mim.
Não sei se esse pensamento é mórbido, sei apenas que é incrivelmente doloroso e assustador. É um medo que acende nos meus sentimentos cada vez que vejo ou ouço acerca de pais que “perderam” seus filhos. (Sim, aspas aqui porque filho não se perde, a não ser de vista e ainda assim, raramente).
Pesquisando rapidamente, existem no dicionário palavras para quem perde pais ou cônjuges: orfandade e viuvez. Isso ajuda a entender a dor desse luto. E para quem perde filho?
Inominável.
Aí eu penso: teve impeachment; teve político importante preso; a economia do Brasil vai mal; fulano de tal ganhou mais de um milhão ao sair de um programa de televisão; nos vendem carnes estragadas; etcétera…
De que valem essas “grandes” notícias? De que valem quinhentos mil, um milhão, ou todo o dinheiro do mundo, diante da vida de uma criança? Diante da vida das minhas filhas, de que vale tudo o mais que não é vida?
Nada. (A resposta pode ser óbvia, mas ajuda numa pausa para ponderação.)
O porém é: minhas filhas estão vivas! Dormem no quarto ao lado.
E refletir sobre essa delicada fragilidade da vida, quando em paralelo à grandeza do ser, tem me ensinado a viver mais e melhor o momento presente. Com amor, carinho, atenção, presença e serenidade, ser pai (e parceiro) no hoje.
Além disso, penso que se eu perder a consciência dessa fragilidade, passarei a não valorizar o agora, esquecendo talvez que o que mais desejo esteja nessa fração infinitesimal do tempo hodierno, quase inexistente e, ao mesmo tempo, o único tempo que possuímos.
Afinal, “a vida é breve, a alma é vasta”*: diante da alma de minhas filhas, toda a vida é um instante.
Só posso ser pai agora.
E você, que medo guarda?
Beijos de luz!
Pedro Gurgel Moraes
Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.
Sob o Olor do Lírio e a Luz da Estrela.
*Fernando Pessoa: O das Quinas – Mensagem.
1 comentário em “O Medo Grande, a Vida Gigante e a Alma Imensurável”
Taí meu maior pânico, a morte dos meus filhos. E é incrível como ter filhos me fez perder quase que completamente o medo da minha própria morte. Digo quase pq não gostaria que meus filhos ficassem órfãos pq o outro medo que eu tenho é da minha mãe morrer.
Gostei muito da reflexão, me provocou. Tenho sido a mãe cansada e sem tempo e to tão cheia disso… Quero mais tempo com os meus pequenos grandes amores!!! Se a vida corrida não me dá, que esse pouco tempo seja melhor aproveitado!
Obrigada pelas palavras, principalmente pela “hodierno” que eu não conhecia! rsrsrsrs…