Filho(a), nunca é sua culpa quando eu grito.
Eu queria me desculpar por ter gritado com você.
Sabe, eu também tenho dificuldades para lidar com os meus sentimentos fortes. Às vezes, perco o controle, assim como você perde. Deixo a raiva e a frustração tomar conta de mim, e não deveria ser assim.
Eu vi como você ficou assustado(a) e com medo quando eu gritei, e peço desculpas por isso. Eu não deveria ser assustador para você, e sim um porto seguro.
Mas é importante que você saiba que você não tem culpa nenhuma nisso. Você não mereceu esse grito, ou nenhum outro grito que eu já dei. Nunca pense que é normal que qualquer pessoa grite com você, você não deve se acostumar com isso.
Eu não gritei porque você não quis colaborar na hora de arrumar o quarto.
Não gritei porque você não cooperou na hora do banho.
Gritei porque estava cansado, com muitas coisas na minha cabeça, porque foi um dia difícil para mim, e acabei perdendo o controle de tudo. Nada disso tem a ver com você.
Prometo continuar aprendendo a controlar as minhas emoções. Aprender todo dia a lidar com a minha raiva e minha frustração.
Acho que podemos aprender juntos, né?
E nunca se esqueça que eu nunca vou deixar de amar você. Você sempre será amado(a) pelo jeitinho que você é.
Te amo, sempre.
Ninguém consegue passar uma vida sem gritar com seus filhos. O primeiro passo para lidar de uma forma saudável com isso é reconhecer que vamos errar, vamos gritar, vamos nos arrepender.
Afinal, só não grita com o filho aquele pai que nem colocou seu nome na certidão de nascimento. Todos nós, que estamos lidando com a rotina dos filhos, vamos gritar. Às vezes com maior frequência que gostaríamos, inclusive.
Mas o que fazer, então?
A primeira coisa a fazer é entender que a reparação é um dos momentos mais importantes dentro da relação entre pais e filhos. Pedir desculpas, reconhecer os erros, e assegurar às crianças que a culpa do nosso descontrole emocional não é delas.
Afinal, a maior tragédia que podemos oferecer aos nossos filhos é a mentira de que somos perfeitos, como já dizia meu amigo Alexandre Coimbra Amaral.
O que você achou dessa carta? Como bateu aí em você? Me conta nos comentários?
Com carinho,
Thiago Queiroz.