Você pode chamar de castigo ou punição. Ou até, se quiser parecer mais descolado ou inofensivo, de cantinho do pensamento. Os nomes são muitos, mas o objetivo é o mesmo: punir as crianças, para que elas aprendam uma lição e, então, reduzam a probabilidade de que elas não cometam mais o mesmo erro.
É uma técnica bem famosa de controle comportamental de criança ou, se preferir, uma forma de adestrar crianças bem difundida.
Mas quais são as principais questões ao redor dos castigos? Vem comigo entender.
1- Castigos não funcionam a longo prazo
Você pode até pensar que eles são eficientes a curto prazo, porque interrompem imediatamente um mau comportamento. Ok, eu concordo. Mas a longo prazo isso não funciona, porque você está apenas olhando para o comportamento, e não está tratando os sentimentos e necessidades por trás disso.
Com o tempo, os castigos passam a ser cada vez menos eficazes, levando os pais a concluírem equivocadamente que seus filhos têm defeito, e que a saída é aumentar a intensidade do castigo. Porém, em momento nenhum, esses pais pensam na possibilidade de que toda a ideia de castigar é inútil.
2- Se é “melhor” que bater, ainda não significa que é bom
— Eu sempre ficava de castigo, mas eu merecia, porque eu era uma peste! Mas pelo menos não apanhava!
Essa frase, tão repetida por adultos, carrega consigo várias questões. Castigar é melhor do que bater, bater é melhor que dar uma paulada, e por aí vai. Usar uma técnica menos violenta não faz dela não violenta.
Algumas pessoas pensam que mereceram todos os castigos que receberam. Pensam também que não foi nada demais, que não houve impacto algum em suas vidas, mas essa declaração por si só já aponta o problema, porque naturaliza a violência psicológica em outras pessoas e em si mesmo.
3- Você passa a mensagem errada para seu filho
Quando você coloca o seu filho no cantinho do pensamento, você pode até dizer:
– Eu quero que você vá para o cantinho do pensamento pensar no que você fez de errado.
Porém, a mensagem que você passa é:
– Eu só gosto de você quando você cumpre as minhas condições. Só quero você ao meu lado quando me obedece.
Pois é assim mesmo que a mensagem chega para o seu filho. A mensagem principal que você dá para o seu filho através do cantinho do pensamento é que o seu amor é condicional. Que a criança precisa obedecer certas condições para ser amada e aceita. E isso, claro, tem impacto no vínculo e na autoestima do seu filho.
4- O resultado é bem diferente do que esperamos
Faça um exercício e tente se lembrar do que você sentia e pensava quando ficava de castigo. Crianças, ao invés de “pensar no que fizeram” no cantinho do pensamento, têm essas reações:
- ressentimento – “isso é muito injusto, odeio meus pais! Porque eles fizeram isso?”
- vingança – “vou descobrir uma maneira de me vingar, eles vão ver!”
- baixa autoestima – “eu sou realmente mau, acho que eu mereci mesmo isso, não sirvo para nada.”
- furtividade – “da próxima vez vou fazer com que eles não me peguem.”
É muito inocente de nossa parte achar que nossos filhos realmente aprenderão algo positivo enquanto se sentirem dessa forma. Lembre-se: nossos filhos agem melhor quando se sentem melhor.
5- Você afasta seu filho quando ele mais precisa de você
A última coisa que nós queremos é nos afastar de nossos filhos. Tudo o que buscamos fazer é nos aproximar dos nossos filhos, incentivando que os vínculos que criamos com eles sejam fortes e saudáveis, mas afastamos nossos filhos no momento em que eles fazem algo de errado.
No momento em que eles mais precisam de acolhimento, nossos filhos recebem afastamento como resposta. Quando mais precisam da nossa ajuda para se regularem emocionalmente, deixamos nossos filhos sozinhos com seus pensamentos e sentimentos.
Amar é aceitar, é acolher, é estar próximo.
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É difícil, mas precisamos lembrar que, quando castigamos, não conseguimos tratar do que está por trás do mau comportamento, como os sentimentos e necessidades.
Pode ser cansativo, mas uma educação que não se baseia na violência é uma educação que dura a vida inteira. E se você está interessado em conhecer mais sobre as alternativas ao castigo, corre no meu canal do YouTube, que você encontra vídeos apenas com as alternativas!
E você? O que pensa sobre o castigo? Quais são as suas experiências? Deixe seu comentário, vamos conversar!