Eu sempre ouvi de colegas que são pais que a paternidade mudou as suas vidas de uma forma que eles não sabiam explicar.
Eu, que até pouco tempo atrás não era pai, tinha certeza que as mudanças eram óbvias: noites em claro, fraldas, brinquedos espalhados pela casa e parquinhos no final de semana. Ledo engano.
Quem me conhece sabe que eu sou uma negação quando o assunto é cantar. Eu amo música mas cantar definitivamente não é comigo. Sério, pra você ter noção, eu fui reprovado até em coral de Casa Espírita. Sabe aquele cheio de senhorinhas desafinadas e desatentas? Recebi como consolo “é melhor você ajudar a carregar o teclado, tá ótimo assim”.
É aqui que eu percebo uma grande transformação através da paternidade na minha vida. Colocar o bebê para dormir ou simplesmente acalmá-lo é uma tarefa que a gente vai construindo e descobrindo junto com o filho (ou filha) a forma que funciona melhor para nós dois (ou mais). E não é que o danado do moleque vem pro meu colo e pede para eu cantar? Ele fica com sono, vem pro colo e pede “lalala” e eu começo o tal do “lalala”, isto mesmo! Nem é uma música é só o “lalala” e ele se aconchega no meu colo e em poucos minutos ele dorme como se eu fosse a Jigglypuf (pra quem não é da geração Pokémon substitua por canto da Sereia).
Sabe, eu acho que estas mudanças que a gente não sabe explicar que a paternidade causa em nós são estas coisas. Por eles (e por nós) a gente vence certos bloqueios ou mesmo assume de cara limpa certas limitações que temos de forma honesta e para a cria é exatamente o que ela precisa. No nosso caso é um pai dando colo, cantando desafinado, sem ritmo certo e fora do tom mas de coração aberto e alma entregue aquele ser.