A birra, se não é a coisa mais difícil de lidar na primeiras infância, é uma das mais difíceis.
Principalmente porque envolve, além da nossa dificuldade em lidar com as nossas próprias emoções, nos obriga a lidar com julgamentos, olhares e palpites.
Para lidar com ela, precisamos entender o que é a birra.
A birra é a resposta emocional exagerada que acontece quando a criança ainda não tem repertório suficiente para lidar com aquela emoção que ela está vivendo. A birra faz parte do desenvolvimento infantil, e é por isso que ela é comum a todas as crianças. Em maior ou menor intensidade, mas está lá.
Sendo parte do desenvolvimento, é importante lembrar que a birra não tem a ver com o seu valor como pai, mãe ou cuidador. É sobre o desenvolvimento da criança, e não é possível interferir se uma criança vai fazer ou não birra, mas é possível aprender como lidar quando ela fizer.
Sabendo que a birra é a dificuldade da criança de lidar com sentimentos como raiva, frustração ou medo, a única forma de evitá-las seria privar as crianças de sentir e sabemos que esse não é um caminho possível e nem mesmo indicado.
Então nosso papel é ajudá-las quando estiverem vivendo esses momentos.
Entender que as crianças não têm controle sobre as suas reações e que isso tem a ver com o processo de desenvolvimento saudável é o primeiro passo para mudar o nosso olhar para as birras.
E se conseguirmos pensar na birra como um pedido de ajuda, isso desperta a nossa empatia para buscar maneiras e ferramentas de dar o suporte que a criança precisa nesses momentos.
O que pode ajudar?
Garantir a segurança
Algumas crianças sentem o descontrole emocional mais fisicamente. Podem se jogar no chão, bater, correr, morder, então a primeira coisa é garantir a segurança dela e de quem está a sua volta.
Ter calma
Agora que você já sabe que a birra faz parte do desenvolvimento, que não tem a ver com o seu valor como cuidador, que a criança não tem controle sobre as reações dela e que o seu papel é ajudá-la a lidar, respire fundo, e lembre-se que você é o adulto dessa relação. Que ela vai se acalmar através da sua calma ou se agitar ainda mais com a sua agitação.
Descobrir os gatilhos
Entender o contexto é importante para identificar quais são os gatilhos da birra tanto para ajudar seu filho a lidar melhor com aquela situação da próxima vez como para ficar atento e tentar prepará-lo para a situação ou intervir antes acontecer novamente.
Acalme primeiro e converse depois
No momento de crise, choro e grito, a criança não tem condições de elaborar o que falamos com ela. Se preocupe em mantê-la segura, se for possível, sair para um lugar mais calmo.
Depois, num momento de calma, converse sobre o assunto, descreva a situação e nomeie como acha que ela se sentiu. É também uma oportunidade de ensinar formas de se acalmar. Pode ser respirando fundo, desenhando, pulando ou recebendo um abraço. Descubra junto com seu filho o que funciona pra ele.
Nomear os sentimentos
Dar nome ao que a criança sente ajuda a criar o repertório emocional que é fundamental para que aprenda, aos poucos, a se regular.
“Poxa filha, eu vi que você ficou muito frustrada porque sua amiguinha foi embora. É muito ruim quando isso acontece, não é? Acho que um abraço pode te ajudar a se acalmar.”
Veja a birra como uma oportunidade
Oportunidade de ajudar a sua criança a entender e aprender estratégias para lidar com os próprios sentimentos e oportunidade de ser o suporte emocional que ela precisa nesse momento.
Não é fácil, principalmente porque não aprendemos a lidar com nossos próprios sentimentos e também por isso sabemos a importância de cuidar para que nossos filhos tenham uma educação que respeite e valide o que eles sentem.
Como foi ou como tem sido a fase das birras por aí? O que ajudou você a passar por isso? Me conta nos comentários.
Ah, se quiser saber mais, tem uma playlist no meu canal do youtube com vários vídeos dobre o tema.
Com carinho,
Thiago Queiroz