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Se você tratasse os seus amigos como trata os seus filhos, eles ainda seriam seus amigos?

"Por que as crianças que estão aprendendo sobre o mundo e ainda estão em desenvolvimento recebem menos paciência e compaixão que os adultos?"

Todos os dias, tratamos crianças de forma muito menos empática e respeitosa que tratamos adultos, principalmente se forem nossos amigos.

Há muito o que se refletir sobre isso, mas vamos começar com um exercício simples. Responda a essas perguntas com sinceridade:

Quando uma amiga compra um celular novinho, você a obrigaria a emprestá-lo a um desconhecido?

Quando um amigo seu tropeça, se machuca e chora de dor, você diria: “ah, não foi nada, nem doeu isso aí”?

Quando seu amigo começa a reclamar da comida na praça de alimentação do shopping, você responderia: “para de drama, ou não vou te levar para tomar sorvete”?

Quando sua amiga se engana com o horário do cinema e vocês perdem a sessão, você deixaria ela de castigo por um mês sem levá-la ao cinema de novo?

Quando um amigo faz xilique quando está visitando você na sua casa, porque teve um dia difícil no trabalho, você daria umas belas palmadas nele para aprender como se comportar na casa dos outros?

Imagino que você tenha respondido “não” a todas essas perguntas. Caso tenha respondido “sim” a alguma delas, então talvez sua relação de amizade não deva ser das mais saudáveis.

 

Mas então, por que parece absurdo tratar os amigos assim, ao passo que é aceitável fazer isso com as crianças?

Considerando que adultos já estão com seus cérebros totalmente amadurecidos e possuem muitas ferramentas para lidar com suas emoções (ou deveriam), não faria mais sentido sermos mais “rígidos” com os adultos?

Por que as crianças que estão aprendendo sobre o mundo e ainda estão em desenvolvimento recebem menos paciência e compaixão que os adultos?

A resposta é simples, mas indigesta: porque vivemos em uma sociedade que associa aprendizado com dor. Que imagina que crianças aprendem quando se sentem envergonhadas, humilhadas e culpadas.

Percebe o quanto é contraditório e até cruel a forma com que nossa sociedade trata as crianças?

Nenhum tipo de violência contra crianças deve ser tolerada. Crianças precisam de acolhimento, orientação e respeito. E nada disso tem a ver com palmada ou castigo.

Nenhuma criança merece sofrer violência. Essa não é a solução, nunca!

“Ok, mas se não pode bater ou colocar de castigo, como vou educar?”

O primeiro passo é assumir um compromisso de que a partir de agora, você vai tentar educar sem violência. E eu sei que não é fácil, já que foi assim que aprendemos, mas é possível e eu tenho certeza que isso vai mudar a sua relação com os seus filhos.

Vai doer olhar para a educação que você recebeu e para as violências que sofreu na sua infância, mas você terá a oportunidade de construir uma nova história com os seus filhos, daqui pra frente.

Quer mais conteúdos sobre isso? Mais vídeos e textos com alternativas ao castigo e palmadas? Eu falo sobre isso aqui no site, no meu perfil do instagram, canal do YouTube e podcasts, é só chegar junto!

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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