Muitas pessoas sempre me perguntam sobre os desafios que vivem com os seus filhos, pedindo alternativas sobre como lidar com determinados comportamentos. Com o tempo, percebi que muitos desses casos eram sobre expectativas, ou seja, as crianças estavam demonstrando exatamente aquilo que era esperado para a idade e desenvolvimento delas.
Eu sei que, quando sabemos o que esperar de determinadas fases e idades pode nos ajudar a ter mais empatia com os nossos filhos, e foi por isso que eu achei esse guia tão fundamental para termos à mão. Esse texto foi postado no blog Hey Sigmund e eu contei com a ajuda da Ana Balderramas para a tradução.
Ufa! É normal. Um guia idade por idade sobre o que esperar de crianças e adolescentes — e o que eles necessitam da gente.
Ser uma criança ou adolescente não é para os fracos — é um negócio pesado! Há coisas importantes a se fazer, que cabe somente a eles. As características dessas tarefas dependem do estágio de desenvolvimento em que eles se encontram. Saber o que é um comportamento normal para crianças e adolescentes pode ajudar a suavizar a caminhada para todos os envolvidos.
Mesmo nós, adultos, somos suscetíveis, às vezes, a certas crises emocionais, às lágrimas ou ao desejo de querer explodir o mundo (ou só algumas pessoas, particularmente). A maioria de nós consegue segurar as emoções fortes e tudo que possa nos causar maiores problemas, mas mesmo com toda a nossa experiência, nossos cérebros completamente desenvolvidos e a nossa capacidade de ler nas entrelinhas, em alguns dias tudo pode ser bem difícil. Imagine, então, como deve ser para os nossos filhos.
Entender com o que nossas crianças estão lidando e com quais metas de desenvolvimento elas estão tentando atingir tornarão seus comportamentos de frustração mais fáceis de lidar. As coisas sairão melhor se nós pudermos dar a eles o espaço e o apoio que precisam para fazer o que quer que eles precisem. Claro, nada disso significa uma total renúncia aos limites do que pode e o que não pode em termos de comportamento. Significa responder com grande sabedoria, clareza e com consequências mais apropriadas. A vida fica mais fácil para todos quando estamos aptos a levar as coisas de forma menos pessoal.
Aqui estão descritos alguns estágios importantes de desenvolvimento e certos comportamentos complicados que podem vir com eles. Você pode achar que o comportamento das crianças, por vezes indisciplinado, seja desconcertante, mas é completamente normal e sinal de que seu filho está prosperando e trilhando seu próprio caminho através da infância ou adolescência, exatamente como deveriam.
Os estágios de desenvolvimento por idade são apenas um guia. Ao checar se suas crianças estão no “caminho certo”, leia o estágio referente à idade atual delas ou o mais próximo disso. A progressão através desses estágios é mais importante do que a idade na qual ela acontece. Não importa se as crianças estão se desenvolvendo mais lentamente que as outras, contanto que elas estejam se deslocando através desses estágios.
BEBÊS (0 a 12 MESES)
- Tudo vai parar na boca — mãos, pés, comida, brinquedos, sapatos — qualquer coisa.
- Se eles choram é porque existe uma necessidade — sono, colo, comida, troca de fralda. Eles ainda não conseguem falar, mas o choro é uma maneira extremamente eficiente a qual os bebês humanos usam para fazer os humanos adultos moverem montanhas por eles. Uma das coisas mais lindas sobre os bebês é que eles jamais pedem mais do que é necessário para eles.
- Eles desconfiam muito de pessoas estranhas e podem ficar muito irritados quando não há ninguém familiar por perto.
- Bebês encaram. Eles amam feições humanas e vão encarar a rostos na vida real, nos livros e nos espelhos. É ótimo estar numa idade em que encarar os outros é algo socialmente aceito — e fofo.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
Os bebês têm um importante trabalho a fazer — eles precisam aprender se podem ou não confiar no mundo e nas pessoas que o habitam. Eles vão trabalhar duro para dar as oportunidades de mostrar o quão seguros eles estão com você. Os bebês podem não possuir muito vocabulário, mas são pequenos mestres na arte de comunicar quando algo não está certo. Mantenha atenção constante às necessidades deles para que sintam que o mundo é um lugar seguro e confiável. Alimente-os quando sentirem fome, acalente-os quando estiverem assustados, dê carinho quando precisarem estar com você. Tudo isso formará a base para que eles explorem o mundo, criem independência, confiança e auto-estima e estreitem as relações com as outras pessoas.
1-2 ANOS
- Tornam-se mais interativos.
- Não possuem compreensão de intencionalidade — eles vêem e fazem sem pensar sobre o que aquilo significa nem por que o fazem. Por exemplo, quando mordem, não é pra machucar. Quando agarram o brinquedo de outra criança, não é pra deixá-la chateada, é para… bem, todo mundo sabe que as coisas são feitas para serem agarradas, né? Ou para comer.
- Eles seguirão sua curiosidade e puxarão as coisas para ver o que acontece. A mesma lógica serve para jogar coisas no chão.
- Não são capazes de compartilhar coisas.
- Podem parecer mandões e egoístas, mas lembre-se que tudo aquilo em que se mostram interessados ou que consideram deles será como uma extensão deles mesmos. É óbvio que ninguém está autorizado a pegar!
- Estão começando a entender o significado de posse e desenvolvendo um forte senso de entendimento do “eu”.
- Duas das palavras preferidas são “meu!” e “não!”.
- Duas das palavras que menos gostam de ouvir são “meu!” e “não!”.
- Ainda acordam bastante à noite.
- Ao se aproximarem do final dessa etapa, eles podem tornar-se mais corajosos para experimentar sua independência. E podem fazer birra, pois se frustram com a incapacidade de se comunicarem.
- Essas birras também podem ser iniciadas através de emoções muito fortes (frustração, raiva, tristeza, vergonha) para as quais eles não possuem palavras para expressar.
- É mais provável que brinquem com outras crianças, ao invés de sozinhas.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- A capacidade de atenção deles ainda é bastante reduzida, então use a distração para afastá-los do que você não quer que eles façam.
- Quando você passa uma nova regra, é bem provável que a última seja esquecida. Às vezes você vai amar essa capacidade de atenção deles tão curta. Às vezes não.
- Seja positivo quando os vir fazendo a coisa certa.
- Informe para eles sobre as coisas que não estão indo bem.
- Ignore as pequenas coisas. Existe tanta coisa pra aprender que é melhor não sobrecarregá-los. Deixe eles se acostumarem às coisas grandes primeiro.
- Seu filho(a) está começando a entender o que você pede, mas pelo amor de sua sanidade mental, deixe de lado a expectativa de que eles farão o que você pede. Continue pedindo e guiando, mas não leve para o lado pessoal se não acontecer imediatamente. Ou nunca.
- Seja gentil quando for corrigi-los. Eles estão dando o melhor com o que têm naquele momento. Se você exigir demais você pode acabar com uma criança de 3 anos mais ansiosa e menos confiante.
- Ajude eles a colocar em palavras aquilo que estão sentindo. É bem chato quando você tem que arrumar seus brinquedos enquanto quer continuar jogando, né?
3 ANOS
- Vão experimentar sua independência. Pode terminar em birra.
- Vão querer aumentar o controle. Pode terminar em birra.
- Ficarão frustrados quando desapontados. Pode terminar em birra.
- Você poderá perceber um aumento nas birras.
- Eles irão oscilar entre o desejo de serem independentes (“Eu faço!” ou “Eu sozinho!”) e o desejo de serem tratados como um pequeno ser (“Me pega no colo” ou “Você faz”).
- Eles vão criar um afeto especial à palavra “não” e vão usá-la com frequência. Até mesmo quando querem dizer “sim”. (Ahhhh, as crianças pequenas! Felizmente a evolução deu-lhes uma profunda capacidade de fofura extrema enquanto dormem. Isso é importante naqueles momentos catastróficos tais como quando você deixa passar o aviso de que sanduíches deverão ser agora servidos em pequenos triângulos e não em quadradinhos, como era aceito antigamente. Se isso acontecer, siga em frente — você precisará de energia para quando eles perceberem que você não comprou a pasta de dentes com a Elsa na embalagem.)
- Podem gaguejar ou balbuciar.
- Vão começar a assumir o controle sobre o ambiente, querendo planejar atividades, fazer coisas sozinhos e criando desafios.
- Podem ficar chamando você de volta quando forem colocados na cama.
- Podem desenvolver certos medos e fobias.
- Podem confundir realidade com fantasia, o que pode levar a um ou muitos amigos imaginários.
- Ainda não entenderão o significado de “dividir” e frequentemente vão gritar “Meu!”.
- Podem se mostrar ciumentos quando seus pais dão atenção a outras crianças.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Pode anotar aí: não vai ser assim pra sempre. Agora cole isso no seu espelho, onde você vai olhar todos os dias.
- Quando fizerem algo legal, certifique-se de que você percebeu isso. Eles querem saber que você está feliz com seu desempenho e que eles estão indo bem.
- Seja gentil quando eles fizeram algo errado. Seu filho(a) quer fazer a coisa certa, porém existem coisas a fazer e lugares a estar no meio do caminho. Não exagere nos erros — eles ainda estão descobrindo as coisas e ainda possuem um caminho pela frente. Trate os erros como oportunidades para lhes ensinar algo de útil.
- Não passe tantas regras e seja consistente naquelas que já possui. Regras demais e consequências para tudo só irá confundí-los e colocará um peso em suas costas. Se você os ensinar que às vezes é possível contornar, eles continuarão avançando. Você se preocuparia se eles não o fizessem.
- Utilize o “não” gentilmente e com moderação. Você quer encorajá-los a explorar e experimentar o mundo e seu lugar nele. Guie-os, mas não tire deles a iniciativa. E não dê mais motivos do que eles têm para usar com você.
- Dê liberdade e espaço para brincar e encoraje que eles experimentem brincadeiras físicas e imaginárias. Foque os seus esforços para iniciar brincadeiras, para que possam sentir sua capacidade de influenciar seu ambiente.
- Incentive tomadas de decisão, mas limite as escolhas. (“Você prefere tomar banho ou escolher seu pijama primeiro? Você quer vestir a blusa vermelha ou a amarela hoje? Você prefere milho ou abacate no jantar?” E depois você pode ir mais longe… “Você prefere me fazer um café ou um chá?” Vamos apreciar as gloriosas possibilidades disso tudo por um momento.)
- Não se culpe por querer um tempo sozinho para recarregar as energias. As batalhas serão muito mais fáceis se você estiver descansado.
- Crie rituais noturnos. A hora de dormir pode ser cansativa para todos. Estabeleça um ritual que seja agradável para vocês dois — uma historinha, um cafuné, espirrar um spray de lavanda no quarto, um beijinho e um “Te amo. Boa noite, meu querido(a)” — ou algo do tipo.
4 ANOS
- Eles começam a ficar críticos e definirão o mundo com termos simples. As coisas e pessoas serão certos ou errados, bons ou maus, legais ou chatos.
- Eles começarão a entender o poder de suas palavras e as vezes o usarão para fazer as coisas do jeito deles ou para controlar outras pessoas. Sua capacidade de domínio da linguagem ainda pode estar frouxa, por isso frequentemente demonstrarão o que querem dizer através de ações (batendo, empurrando, agarrando) ou gestos não verbais (tom, altura, expressões faciais, postura/posição).
- Se tornarão competitivos.
- Ainda podem confundir às vezes realidade e fantasia. Podem mentir, contar histórias mirabolantes ou ter amigos imaginários.
- Ainda estão construindo seu senso de identidade e experimentando sua independência, podendo se mostrarem teimosos, desafiadores e mandões.
- Vão usar todo o tipo de desculpa para evitar ir para a cama.
- Podem ter pesadelos.
- Podem desenvolver medo do escuro ou se mostrarem ansiosos ao serem separados dos pais ou cuidadores.
- Vão começar a aproveitar as brincadeiras com outras crianças ao invés de simplesmente estarem ao lado delas.
- Vão testar seus limites com você, mas ainda se mostrarão interessados em agradar e ajudar quando puderem.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Quando definir as regras, converse com eles sobre o porquê delas serem importantes. Eles estão curiosos e desenvolvendo suas ideias sobre como o mundo funciona. Não significa que eles pegarão tudo de imediato ou que não reclamarão.
- Simplifique suas demandas.
- Eles querem desesperadamente fazer você feliz, então faça com que saibam que você observou um bom comportamento.
- Não discuta com uma criança de 4 anos. Apenas pare. Eles vão tirar-lhe do sério e se eles não tiverem as palavras ou argumentos, eles continuarão perguntando “por quê?”
- Quando se trata de um comportamento não muito bacana, pergunte o que aconteceu, mas não pergunte o porquê deles terem feito tal coisa. Perguntar “Por que você fez isso?” irá estimulá-los a mentir, já que o limite entre fantasia e realidade no mundo de uma criança de 4 anos é muito — muito — próximo.
- Quando eles fizerem algo errado, seja gentil na bronca e explique porque tal comportamento é errado e o que eles podem fazer melhor na próxima vez. Eles precisam saber que você acredita neles — eles vão acreditar em você, assim como você neles.
- Seja consistente. Se você não acha que é importante sempre reforçar uma determinada regra, seu filho também, compreensivamente, vai achar que não é sempre importante seguí-la.
- Encoraje a independência deles, mas lembre-se que ainda são jovens. Quando eles estiverem muito cansados ou estressados, não tem problema deixá-los agirem como “gente pequena”.
- Dê muitos beijos e carinhos, até mesmo quando disserem que já são “gente grande”.
5 ANOS
- Já entendem a importância das regras, mas podem desviar delas quando estiverem brincando. Regras tendem a ser flexíveis — pelo menos para eles.
- Podem acusar os outros de trapacearem quando perderem um jogo.
- Começam a demonstrar empatia e o entendimento de que outras pessoas podem ter pontos de vista diferentes dos deles.
- São capazes de dividir, porém podem encontrar certa dificuldade com isso, especialmente quando se trata de suas coisas preferidas.
- Podem ter medo de falhar, de receber críticas e coisas assustadoras, como monstros e fantasmas.
- O intervalo de atenção deles se tornará maior, afetando o tipo de conversa que você conseguirá ter com eles.
- Podem se tornar experts em tudo que fazem.
- Vão gostar de fazer piadas e podem desenvolver um tipo de humor escatológico.
- Vão buscar tomar suas próprias decisões, particularmente sobre o que vestir e o que comer.
- Se começarem na escolinha, podem oscilar o humor e ficarem mais sensíveis e cansados do que o normal. É muito cansativo ter que sentar quietinho e se concentrar por um longo tempo.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Incentive tudo o que for manter a sua criança em movimento, especialmente se for uma atividade em grupo ou time. Isso os ajudará a desenvolver habilidades muito importantes tais como revezamento, relacionamento com outras crianças, trabalho em equipe, negociação, compromisso e saber ganhar ou perder com tranquilidade.
- Reserve um período do seu dia para brincar com eles ou só passar algum tempo juntos. Isso trará a oportunidade para eles de entrar no seu mundo, o que sempre será um dos melhores lugares para se estar. Daqui você poderá sentir o que se passa em suas pequenas mentes mirabolantes.
- Comece a expandir o repertório emocional do seu filho, nomeando e discutindo sentimentos.
- Mantenha as regras simples e tente não ter um número grande delas.
6 ANOS
- É bem provável que eles saibam muito mais do que você sabe, então só pergunte a eles. •
- Podem recomeçar com as birras.
- Podem começar a testar seus limites, mas ainda querem agradar e ajudar.
- Vão procurar reconhecimento por causa dos deveres de casa da escola e pelas coisas boas que fizerem.
- Vão começar a dominar novas habilidades e a se sentirem capazes.
- Podem se preocupar sobre estarem longe de você.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Incentive os esforços deles e reconheça quando trabalharem duro.
- Incentive o esforço acima dos resultados para ajudá-los a desenvolver uma visão mental de crescimento e autoconfiança na capacidade de alcançar objetivos.
- Garanta que eles tenham o suporte necessário caso enfrentem dificuldades na escola.
- Evite elogios excessivos e sem significado e deixe saberem que são especiais, mas que outras pessoas também são.
7 ANOS
- Podem tender para reclamações, geralmente sobre seus pais ou regras, mas também sobre seus amigos e outras crianças.
- Se sentirão incompreendidos pela maioria.
- Podem ser dramáticos sobre a escola, amigos e a vida em geral.
- Tentarão usar as palavras para falar sobre como se sentem, mas podem sentir-se frustrados e com raiva quando estão chateados.
- Estarão cada vez mais conscientes sobre o que as outras pessoas pensam.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Escute e valide o que eles estão sentindo e saiba que você não precisa resolver os problemas deles.
- Discuta sobre como eles podem resolver as coisas que os estão causando problemas.
- Dê espaço e encorajamento para criar suas próprias ideias.
- Não seja atraído pelos dramas. Não pense imediatamente que as coisas estão uma bagunça só porque eles estão dizendo que está. Foque na positividade.
8 ANOS
- Vão querer que você pense igual a eles e apresentarão baixa tolerância a uma opinião diferente.
- Estarão muito sensíveis acerca do que você pensa deles.
- Frequentemente brigarão com a mãe.
- Não haverá muito meio termo: as coisas serão 8 ou 80, certo ou errado, bom ou ruim.
- Essa tendência a pensar em absolutos pode causar alguns problemas com as amizades. Fique tranquilo, pois seu filho não é a única criança que passa por isso. Eles ficarão bem — isso faz parte do aprendizado sobre amizade e sobre como lidar com outras pessoas.
O SUPORTE QUE NECESSITAM
- Quando você elogiar os bons comportamentos, seja claro sobre o que eles fizeram.
- Evite discussões sempre que puder. Sobre os pensamentos deles sendo 8 ou 80, um argumento só significará que alguém está certo (eles) e alguém está errado (você). Ao invés disso, peça que eles expliquem seu ponto de vista e incentive-os a verem as coisas de diferentes ângulos.
- Gaste muito tempo juntos para preparar o relacionamento para o afastamento que chegará na adolescência.
9 ANOS
- Amigos começarão a ser mais importantes que os pais e isso permanecerá na adolescência.
- O que os amigos deles pensam começará a ser mais e mais importante.
- Vão estreitar as amizades com amigos mais próximos e menos numerosos.
- Vão compartilhar piadas e segredos com os amigos.
- Vão questionar regras e normas e poderão desrespeitar você.
- Serão capazes de ser amorosos e bobos, porém também desenvolverão a capacidade de serem egoístas e questionadores.
O QUE FAZER
- Dê as oportunidades para a independência deles e para que tomem suas próprias decisões.
- Evite ser muito mandão ou rígido.
- Incentive-os a começar a pensar as coisas sob outros pontos de vista, “O que você acha de tal e tal coisa?” “Como você acha que ela se sentiu quando isso aconteceu?”
10 PARA 11 ANOS
- As birras da infância se acalmarão agora. Aproveite, pois a adolescência ouviu falar que você está relaxando e ela já está a caminho.
- Ainda poderão discutir sobre regras e a necessidade de detalhá-las.
- Tentarão explicar desviando seus maus comportamentos através de desculpas e justificativas. Eles vão brigar feio para achar uma ponta solta naquela regra.
- Promessas se tornam importantes e eles vão lembrar de TUDO — menos quando é a vez deles de botar o lixo para fora.
O QUE FAZER
- Não faça promessas que você não será capaz de cumprir. Eles usarão isso contra você.
- Evite discussões sempre que puder. Eles sempre terão um argumento para tudo.
- Escute o que eles têm para dizer, tome sua decisão e então diga. Deixe eles encararem você de maneira segura — deixe-os experimentar coisas diferentes, expressar sua opinião e tomar suas próprias decisões quando for apropriado.
- Saiba quais são os seus limites e esteja pronto para implementar consequências quando eles fizerem uma escolha ruim. Faça as consequências não sejam sobre quem eles são.
ADOLESCÊNCIA
- Os amigos serão mais importantes do que a família. Você continua sendo importante, mas tem algumas coisas que eles precisam fazer — descobrir quem serão quando eles pisarem no mundo como adultos saudáveis e independentes. Assim como você teve que fazer quando tinha essa idade.
- O que seus colegas pensam sobre eles será uma fonte de stress para eles por um tempo — o auge disso aos 13 para meninas e aos 15 para meninos. Eles podem ir até o limite para tentar se encaixar com seus próximos. Isso pode fazê-los tomarem decisões idiotas e colocá-los em situações perigosas. Respire. Isso vai passar.
- Eles se tornarão mais questionadores e pressionarão mais você. Isso é totalmente sobre tornar a adolescência uma aventura e sobre as experimentações de independência.
- Podem se tornar emocionalmente distantes de você (não se preocupe — eles voltarão, mas talvez não antes do fim da adolescência).
- Podem não querer ser vistos com você em público — não importa o quão descolado você seja.
- Farão experimentos com a própria imagem, identidade e a maneira como eles se colocam no mundo.
- Podem se tornar sexualmente ativos.
- Podem se tornar impulsivos e começar a tomar riscos.
- Serão mais criativos e começarão a pensar que o mundo é muito interessante, em diferentes maneiras.
- Vão agir como se a sua opinião não importa para eles, mas importa — mais do que nunca.
- Eles vão muita vezes mal interpretar suas expressões emocionais — perceber raiva, hostilidade ou desapontamento quando você não sente nada disso.
- O ciclo de sono deles irá mudar e acrescentará cerca de 3 horas a mais do que quando eram crianças. Isso significa que eles cairão no sono 3 horas após o horário que estavam acostumados e, a não ser que estejam completamente exaustos, será biologicamente muito difícil para eles dormirem mais cedo. Eles precisarão de 9-10 horas de sono, então precisarão dormir até mais tarde.
- Vão querer tomar suas próprias decisões sobre as coisas que os afetam.
O QUE FAZER
- Não seja crítico ou julgador — eles precisam do seu amor e conexão agora mais do que nunca.
- Entenda que eles precisam encontrar a própria independência por você. Dê espaço para tal. Com o tempo, os valores deles provavelmente se alinharão com os seus.
- Entenda que seu filho não está rejeitando você, mas encontrando seu próprio lugar no mundo — é uma parte importante e saudável de ser um adulto independente — mesmo que pareça ruim.
- Solte o controle e vá pelo caminho da influência. Quanto mais forte você lutar para controlá-los, mais forte eles lutarão em afastá-lo. A verdade é, quando se trata de adolescência, nós não temos controle — eles decidirão o quanto querem envolvê-los em suas vidas, o quanto contarão sobre as coisas, e o quanto de influência você tem.
- Facilite o acesso a você quando algo acontecer ou quando precisarem de direcionamento. Dê informações, mas não dê uma palestra.
- Você poderá ou não saber quando eles começarem a ser sexualmente ativos, então é importante que tenham informação e direcionamento que precisam para estar fisicamente e emocionalmente seguros.
- Não compre argumentos — peça a eles que exponham o caso e converse sobre os prós e contras acerca do que desejam. Por natureza, jovens vão enaltecer os positivos e subestimar os negativos. Incentive-os a dizer alguns dos contras — nada é sempre preto no branco.
- Seja a força tranquilizadora — respire e aguarde a onda passar por você. Leva 90 segundos para uma emoção para ser disparada, chegar ao topo e começar a dissipar, desde que você não faça nada para alimentá-la.
- Ajude-os a planejar com antecedência e observe-os de canto, mas sem julgamentos.
- Incentive a suas conexões sociais e dê-lhes espaço para estreitar seus relacionamentos. Um importante passo no desenvolvimento deles é reduzir a dependência do núcleo familiar. Para isso, eles sentirão um aumento na necessidade de estreitar os laços com o núcleo de amigos. Incentive-os e apoie isso sempre que puder.
- Ajude-os a encontrarem caminhos seguros para tomar riscos, como os esportes – competitivos e individuais.
- Deixe eles saberem que você fará tudo o que puder para pegá-los em qualquer situação quando quiserem voltar pra casa — independente das circunstâncias e o quão tarde ou longe possam estar.
- Não deixe que nada ultrapasse os limites quando se trata do que eles podem falar com você.
- Sempre que possível, deixe-os cochilar para compensar a falta de sono.
- Ouça mais do que fale.
E FINALMENTE…
Saiba que pelo caminho entre infância e adulto, existem algumas coisas muito importantes a serem feitas. Coisas a se aprender, erros a se cometer, limites a serem forçados, independência a ser encontrada. Será uma bela, cansativa, desconcertante, por vezes assustadora, esmagadora e às vezes traumática aventura para todos. Seja paciente e não tire deles as oportunidades de aprender e se afastar deles, ao tomar os erros e comportamento não ideal pelo lado pessoal. O maior crescimento virá dos erros que eles cometerão e dos limites que lutarão contra. Mesmo recebendo todo o apoio possível, eles vão cometer erros — às vezes uns ENORMES! — Se você garantir todo o suporte que necessitam, os erros deles serão sobre seu crescimento, e não sobre sua maternidade/paternidade.
Da nossa parte, é importante que estejamos lá dando amor, nutrição e uma mão firme para guiá-los e dando limites para que eles mesmos sintam as fronteiras por conta própria. Entender o que é um comportamento normal para crianças e jovens tornará isso mais fácil. Crescer é uma jornada de aprendizado, exploração e experimentação — para nós e para eles.
12 comentários em “É Normal! Um Guia por Idade Sobre o Que Esperar de Crianças e Adolescentes”
Ja achei um material top. era isso que queria, quero me aprofundar mais….
transições assustadoras pra todos.
Estou adotando uma criança de 10 anos, não tenho filhos biológicos. Tenho muito mefo de não dar conta, de não ser boa mãe. Na verdade a pré adolescência me assusta. Alguma dica ? Livros que eu deva ler?
Leia o livro Como Falar para Seus Filhos Ouvirem e Como Ouvir para Seus Filhos Falarem, de Faber e Mazlish. Livro ótimo, e parabéns pela adoção!
Mas eu penso, jamais esquecer que os filhos são a natureza do pai ou da mãe, uma espécie de extensão, pois tenho observado muito isto com o passar do tempo, tnho 3 filhos casados e 4 netinhos. O texto maravilhoso me lembrou muito do Dr. Benjamin Spoke, no livro Meu Filho meu Tesouro, que muito me ajudou a entender o mundo dos pequeninos.
Muito obrigada pelo texto, pra eu que tenho 2 Adolescentes foi muito importante!