Lembram quando o ovo era inimigo do coração porque aumentava colesterol? Depois virou capa de revista, sendo considerado o alimento completo? Sempre me questionei como uma estrutura que fornece tudo o que o pintinho precisa para nascer, poderia ser tão vilã. Pois bem, esse tira o casaco/coloca o casaco, proíbe ovo/libera ovo, chega na Odontologia também através do uso do flúor para bebês e crianças.
Existem correntes de estudo que associam o flúor a uma intoxicação crônica que chamamos de fluorose. Os profissionais que indicam pasta SEM flúor alegam que a criança pode ingerir e ter manchas brancas nos dentes, características de fluorose. Outro ponto que eles elencam é que existe fluoretação das águas, o que levaria a exposição excessiva ao flúor. Mas o que não discutem é que flúor é remédio, e todo remédio tem sua dose recomendada. Além disso, há todo um mercado apelativo voltado para o público infantil, interessado em vender pastas coloridas, e induzir a compra pelos pais leigos.
Vamos aos fatos:
Flúor tem benefício anti-cárie comprovado exaustivamente na literatura. É responsável pelo declínio da doença cárie a partir dos anos 80 em países desenvolvidos, e a partir dos anos 90 em desenvolvimento, como o Brasil.
Tem a capacidade de paralisar o avanço da doença cárie, que é especificamente rápida em dentes de leite. Além de ajudar a saliva na re-mineralização do esmalte, ou seja, a bactéria da cárie corrói o esmalte através do ácido que excreta em contato com a placa (biofilme) aderida ao dente. Se esse mecanismo não for interrompido teremos uma lesão de cárie. A saliva e o flúor ajudam a subir o pH do meio, restabelecendo o equilíbrio juntamente com a desorganização da placa dental ocasionada pela escovação.
Por isso escovamos várias vezes ao dia, para desorganizar o biofilme que se forma cada nova refeição. E por isso usamos pasta com flúor, para ter uma reposição diária de ajuda contra a doença cárie.
Existem diferentes concentrações de flúor no mercado. O indicado para bebês e crianças é o que contém 1000 a 1100 ppm (parte por milhão), informação que está destacada nas embalagens da pasta de dente. Menos que isso não faz efeito, mais que isso não é necessário.
Pode ser pasta de desenho animado, de gliter, das princesas, da NASA ou com poeira da lua. Pode ser a comum de adulto (sem indicação de clareamento, para sensibilidade ou as da moda, como de carvão), pasta comum mesmo, tendo a quantidade indicada de ppm, qualquer uma está valendo. Aqui em casa, os dois adultos e as duas crianças usam o mesmo creme dental. O bolso agradece.
A frequência de escovação via de regra é de 2x/dia (manhã e noite) e a quantidade de pasta na escova varia conforme idade, desde o equivalente a meio grão de arroz para bebês com poucos dentes até um grão de ervilha quando a criança já tem os 20 dentes de leite. Também influencia a capacidade de enxaguar e cuspir.
O dentista será capaz de orientar os pais nessa situação, depois de avaliar os hábitos da criança, a ordem do nascimento dos dentes, o consumo de açúcar, etc… No consultório é avaliado o risco de o paciente desenvolver a doença cárie, evoluir ou paralisar as lesões que já existem. Para isso existe flúor na forma de verniz, mousse, gel… cada um com uma concentração e indicação diferente, que só pode ser aplicado pelo cirurgião-dentista.
Pode ser também, que na consulta de rotina o dentista decida que não há necessidade de aplicar flúor tópico no consultório. E tudo bem, faz parte da manutenção da saúde bucal da criança.
Lembrando que flúor é medicamento, não é vendido no mercado, só na farmácia.
Outro ponto bastante importante é que a criança até, em média, 7 anos, precisa que um adulto escove seus dentes. Até essa idade, ela não tem coordenação motora fina para remover a placa de todos os lados do dente, além do risco de machucar as estruturas adjacentes (bochecha, gengiva, lábio…) ou deixar algum dente do fundo sem higienizar.
Tem escolas que providenciam o momento da escovação (tenho minhas ressalvas quanto armazenamento e troca da escova, mas enfim…). Aconselho enviar pasta sem flúor. Normalmente a própria criança escova, e a professora pode não ter informação ou controle da quantidade indicada de pasta. Se teu filho está na faixa das duas escovações diárias, então de manhã e à noite escove em casa, com flúor.
Ele veio para ficar e não tem mais como duvidar do seu benefício.
O flúor e o ovo.
3 comentários em “FLÚOR IS THE NEW OVO”
Vendo vendo fluoreto para pequenas indústrias e estações de tratamento, é absolutamente impossível que ajude a subir o pH com saliva. É um ácido, não qualquer ácido, fura concreto. Evito o uso desse flúor para toda minha, só água de poço com análise, laudo e… sem flúor.
Faltou falar sobre os danos a tireóide e articulações no longo prazo. Vários países já aboliram a fluoretação da água. Há que diga que é a maior fraude científica do séc. XX!
Texto super esclarecedor! Muito bom