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O Manifesto da Criança

O Manifesto da Criança

"O que as crianças pediriam se fossem capazes de elaborar claramente o que mais importa para elas? Conheça o Manifesto da Criança."

O que as crianças pediriam se fossem capazes de elaborar claramente o que mais importa para elas?


Manifesto da Criança:

1- Não bata em mim, por nada

Bater só me ensina que problemas podem ser resolvidos com violência e que, nas discussões, o mais forte ganha. Também me ensina que, em brigas, é aceitável usar a violência e que, se quem me bate é quem eu amo, então bater é uma forma de demonstrar amor também.

2- Não ignore o meu choro

Sabe, chorar é a principal forma que eu tenho para me comunicar. Não acredite se outras pessoas dizem que o meu choro é uma ferramenta de manipulação. Eu nem tenho estrutura cerebral para manipular ninguém, então é com o choro que eu comunico as minhas necessidades mais básicas.

3- Deixe-me errar também

Quando eu erro, eu também aprendo. Não se preocupe em me “proteger” de todos os meus erros ou fazer tudo direitinho por mim. É na tentativa e erro que eu cresço, principalmente no lado emocional.

4- Não me compare a ninguém

Comparações só trazem frustração e ansiedade. Por favor, não me compare a outras crianças, seja no tempo para engatinhar, falar ou andar. Eu tenho o meu tempo. Eu sou único.

5- Não me coloque em caixinhas

Todos nós somos únicos e especiais. Se você me coloca um rótulo, eu fico preso a ele e não conseguirei explorar todos os meus potenciais. Sejam os rótulos positivos ou negativos, eles me aprisionam da mesma forma.

6- Passe um tempo especial comigo

Eu sempre preciso saber que sou importante para você, então tente reservar alguns minutos do dia para mim! Não precisa (nem deve) ficar o dia inteiro me dando atenção exclusiva, alguns minutos são o suficiente para eu me sentir amado.

7- Preciso ser educado, mas com respeito

Educação não é punição, então seja gentil e firme comigo. Ouça as minhas necessidades e também me ajude a entender as necessidades das outras pessoas. Castigos e recompensas não me ajudam a desenvolver meus valores internos, então preciso de ajuda para entender o que é certo e errado, mas principalmente as minhas motivações para fazer o certo.

8- Não pense que eu sou ruim por natureza

Eu sei, existem dias muito difíceis, mas eu não sou mau. Nenhuma criança é. Por trás de uma malcriação minha, tem uma dificuldade com algum sentimento que eu ainda não sei lidar sozinho, e não tenho estrutura emocional para pedir ajuda de uma forma socialmente aceitável.

9- Meu tempo como criança passa rápido

Muito em breve, não serei mais criança, então valorize esse meu tempo. Não tente acelerar essa minha fase, porque ela não volta. Ajude-me a brincar como criança, me relacionar como criança e a me vestir como criança.

10- Preciso de afeto. Muito.

Você pode achar que eu deveria saber que sou amado. Mas eu sempre preciso de mais demonstrações para que eu me sinta seguro no seu amor e na nossa relação. Carinhos, beijos, abraços e colos são muito importantes para que eu me sinta importante para você. Isso me dá segurança no mundo.

Quando começamos a operar no “automático”, é comum esquecermos que os nossos filhos são crianças. Afinal, o mundo detesta pensar que crianças fazem coisas de… crianças.

Se tentarmos fazer esse exercício diário de lembrar que os nossos filhos são crianças e, portanto, suas atitudes são apropriadas ao desenvolvimento que eles têm, tenderemos a exigir menos deles um comportamento que eles não têm idade para apresentar.

É difícil? Demais, mas sigamos juntos, seguindo os aprendizados do Manifesto da Criança.

Abraço apertado,

Thiago Queiroz
Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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