Minha esposa, Anne, é capixaba. Capixaba de coração, de criação, de sotaque, de tudo. Uma coisa linda. Mas, como moramos no Rio, de tempos em tempos visitamos o pai dela, que agora é o vovô babão do Dante. Não vamos com a frequência que gostaríamos porque, temos que admitir, a viagem é cansativa à beça. Mas fique tranquilo(a) que esse post não é para falar da viagem em si, eu só achava que o post pedia um certo contexto.
Por causa do meu trabalho, nossas visitas são sempre muito curtas: chegamos no sábado de manhã e voltamos no final do domingo. Só que dessa vez conseguimos ficar mais tempo lá, porque chegamos ainda na sexta à noite. Eu sei, eu sei, não aumentou taaaaanto a nossa estadia lá, mas pelo menos conseguimos ficar mais uma noite na casa do avô do Dante.
E foi por causa dessa pequena estendida na nossa estadia que eu e a Anne começamos a refletir sobre um assunto muito interessante. Tão interessante que decidi trazer para cá e convidar vocês para a conversa: onde é o lar do bebê apegado?
Será que ele sente essa diferença? Será que ele sente saudades do lar? O que é o lar do bebê?
E fomos conversando sobre isso ao longo da tarde de sábado: talvez ele sinta, sim, falta do lugar que ele conhece, domina e sente segurança, do aconchego da nossa casa, mas ao mesmo tempo, ele visivelmente adorava explorar aquele lugar tão diferente para ele, interagir com aquelas pessoas que não participam do cotidiano deles, e muitas outras coisas diferentes.
Mas e o lar? E esse conceito de lar? E aquela expressão em inglês, homesick, que denota aquela saudade forte do lar?
E foi aí que nós tivemos uma surpresa. Surpresa mesmo, porque nunca pensamos nisso.
O lar do Dante estava ali com ele: nós.
Nós, que fomos criados de uma maneira, digamos, mais tradicional, nunca tivemos o conceito de lar ligado ao vínculo com os nossos pais. Para nós, o conceito de lar estava intimamente ligado com a casa. Claro que a casa incluía os pais, mas incluía também a nossa cama, o nosso quarto, o nosso vídeo-game, etc. Com o Dante é um pouco diferente, pelo que nós conseguimos entender, por causa dos vínculos que ele tem conosco. Para ele, o lar, a sensação de segurança, está em nós; na relação que temos com ele.
Ele não deveria sentir saudade da nossa cama, aqui no Rio? Não. Por que deveria, se quando ele dorme e acorda, continua se encontrando no meio dos pais? Por que isso seria diferente do que ele tem aqui no Rio?
Pode ser que isso soe óbvio para muitos de vocês, mas para nós, foi uma dessas revelações que fazem valer todo o nosso esforço: nós somos o lar do Dante.
E vocês? O que vocês pensam? Já passaram por isso? Contem aqui suas experiências, porque tenho a impressão de que esse post ainda vai render mais textos bacanas!
6 comentários em “Onde Fica o Lar do Bebê Apegado?”
Por aqui também é assim, Thiago. Leo adora a casa dele, o quarto dele etc. Mas gosta ainda mais das viagens de férias, quando tem os pais com ele 24/7. Geralmente, adaptamos um pouco a rotina dele, mas mantendo o mesmo padrão; assim, ele consegue o melhor dos dois mundos.
Essa reflexão é muito bacana mesmo, e acho que 2 semanas fora do ambiente pode requerer algumas aditivos, digamos. Isso porque a nossa experiência mostra que, depois desse tempo, não basta ter os pais, mas a rotina, o previsível e seguro começam a fazer falta. Nunca consegui sacar realmente o motivo, se elas ficam com medo dessa ser a nova rotina e ninguém avisou nada, ou se realmente preferem o que têm em casa. Hoje em dia a antecipação pela viagem é tão excitante quanto a antecipação da volta.
eu sempre fui muito ” rueira”, adoro sair, dormir fora de casa, e com o fato da minha família não morar mt perto, já passei várias noites fora com o Téo.Leia mais…
Concordo que a família apegada é o lar do bebê, mas se o ambiente no qual essa família se encontra apresenta confiabilidade. Conforto. Afinal não é só o bebê que é sensível ao que acontece num ambiente. Nós adultos também. Acredito que se todos estão à vontade o bebê também estará. Mas é por aí mesmo 🙂
Já andei ponderando sobre esse assunto aqui também! A gente não para em casa, onde a gente vai, o Heitor vai junto, e tudo é sempre muito tranquilo com ele. Fica mais agitado para explorar um ambiente novo, mas se sente seguro e feliz. Quando voltamos pra casa, reconhece, gosta de reencontrar seus brinquedinhos. Mas o essencial somos nós!