Nesse meu texto para Os Mamíferos da semana passada, falo um pouco sobre esse raro bicho chamado pai sensível. Que apareçam mais, muito mais desses!
Quando o Pai Tem Mais Intuição
Estamos acostumados a ouvir inúmeros relatos de mães que criam com apego, seguindo a sua intuição, mas que são casadas com homens que são verdadeiros brucutus e normalmente são contra alguns dos preceitos da criação como apego. Quantas vezes você já não viu mães reclamando que os pais não concordam com a prática da cama compartilhada, por exemplo, alegando que o filho nunca mais vai sair de lá? Ou de mães reclamando que os maridos não gostam de dar colo toda hora que o bebê pede, para não mimá-lo?
Esses são casos extremos onde há um grande desalinhamento entre a maneira que pai e mãe entendem por criação de filhos. Nesses casos, muita conversa, argumentação e paciência podem ajudar a dobrar o pai, mas às vezes levá-lo em reuniões de grupos de apoio para criação pode fazer toda a diferença. O ideal é que ambos os pais cheguem a um consenso e estejam no mesmo nível de entendimento sobre a criação de seus filhos.
Mas existem também os casos, em quantidade muito menor, onde as mães criam com apego e os pais seguem o fluxo. Eles podem até não concordar muito, mas embarcam na aventura e acabam abrindo a mente para novos e mais amplos entendimentos. De maneira bem semelhante, há também os pais que, com o devido incentivo e informação de suas esposas, entendem como é importante criar com apego, porque conseguem entender os benefícios de criar vínculos saudáveis entre pais e filhos.
E existe um caso que é raríssimo. É quando o pai tem mais intuição do que a mãe. Não que a mãe não tenha intuição alguma, mas existem casos onde o pai possui uma sensibilidade maior para a criação.
Você pode até dizer que isso não existe, mas muito recentemente presenciei isso. Um casal de amigos que foram justamente as pessoas que nos incentivaram a ter nosso bebê, pois, até então, tínhamos muitas restrições sobre quando ter um filho, porque poderia ser muito trabalhoso, ou que não teríamos dinheiro suficiente, ou isso, ou aquilo, blá, blá, blá. Foi visitando-os e observando como era a rotina deles com seu bebê que chegamos à seguinte conclusão:
– Pô, não parece tão difícil. Acho que rola, hein?
Não foi o fator determinante para que nós decidíssemos engravidar, mas com certeza foi o empurrãozinho que faltava. Eles, desde o início, mesmo sem conhecer o termo criação com apego (nem nós conhecíamos!), já usavam bastante a intuição e praticavam cama compartilhada por exemplo, simplesmente porque lhes parecia correto. Porém, em algum momento, a balança começou a tender um pouco mais para a criação tradicional, talvez por influência de pediatras ou pessoas próximas, não tenho certeza. O fato é que aquele bebê começou a dormir em seu próprio berço, dentre outras coisas.
Apesar disso, esse pai ainda demonstrava que achava bacana a cama compartilhada e continuava acreditando no amor incondicional que sentia por seu bebê. Ele representa a figura da pessoa que apoia e incentiva seu bebê, que sussurra bem baixinho no ouvido do bebê coisas do tipo:
– Você não é preguiçoso, tá, bebê?
É um pai que entende que cada bebê é um bebê diferente. Ele sabe que todos os bebês têm suas peculiaridades e seus próprios tempos, que não precisam seguir uma tabela de crescimento ou de metas esperadas por idade. Ele acredita que se o seu bebê pede colo, é porque ele precisa de colo. Ele sabe que seu bebê não é mimado. Ele pensa em criação com apego, sem nem saber que existe nome para isso.
Nós não somos o tipo de gente que fica falando sobre como nós criamos, ou fazendo críticas à criação dos outros. Nós partimos do princípio básico de que, a não ser que nossa opinião seja solicitada, não temos que nos intrometer e dar palpites. Afinal de contas, se tem uma coisa que todo mundo odeia é palpiteiro. Mas ainda assim, num desses momentos em que eu estava sozinho com ele, não pude me conter e deixei escapar:
– Cara, o que você faz é muito bacana. Eu e a Anne super incentivamos a sua visão.
Pronto, não falei mais nada, acho que palavras de incentivo são sempre bem-vindas, e têm muito mais efeito que qualquer palpite. Inclusive, se você conhece pessoas que estejam em situação semelhante, faça o mesmo: elogie, exalte as coisas positivas que eles fazem, pois isso pode fazer toda a diferença. Dias depois, ele veio me pedir o endereço do meu blog, o Paizinho, Vírgula! Não preciso nem dizer como fiquei contente, né?
E essa é a minha homenagem a um grande amigo e ótimo pai.
PS: a minha intenção para esse post foi mesmo focar no pai que pensa diferente, mas isso não quer dizer que a mãe deva ficar de fora. É uma mãe muito amável, e que dá todo o carinho e atenção que ela consegue oferecer. Quem sabe os dois, conversando, não conseguem partir para uma abordagem mais intuitiva das coisas? Estou na torcida!
8 comentários em “Quando o Pai Tem Mais Intuição”
Meu marido.. vc descreveu meu marido… quando a Gabby tinha uns 7..8 meses comecei a esmorecer…
As pressões eram muitas e realmente comecei a me questionar se o q estávamos fazendo era certo ou não… sobre cama compartilhada.. colo 24h.. etc
Ele virou-se pra mim e disse… vc esta feliz fazendo assim? Pq eu me sinto feliz fazendo assim.. pensa.. se esta tudo dando certo vamos mudar pq?
Pronto… foi o que eu precisava ouvir… se ele fosse daqueles que vão na onda da mulher… Gabby tava lascada…
Que linda história! É muito lindo quando você vê um suportando o outro, né?
Parabéns a você e à sua família! Assumir essas escolhas pode não ser fácil, mas é extremamente recompensador.
muito bom! Mallu e eu temos a sorte de ter um pai intuitivo e apegado aqui em casa. só amor por vocês!
Que ótimo! Pai apegado é o que há 😉
Prezado, lendo seu texto, me coloquei no lugar da mãe ( e que bom que o companheiro dela é um pai do jeito que você descreveu)… o que deve estar acontecendo é que as pressões externas são sempre mais fortes sobre a mãe, e se vc não está embasada o suficiente com informações externas (pq vc segue a sua intuição pura e simplesmente) a tendência é se deixar levar pelo “sistema” mais facilmente. O pai, por não sofrer tanto stress, consegue exercer mais plenamente seu lado intuitivo….. espero que ele consiga tb proteger sua esposa do assédio externo e, juntos, expandirem plenamente a luz das suas consciências na criação do seu filho!… no mais….. EXCELENTE TEXTO E EXCELENTE BLOG! Parabéns!
Olá, Anay. Ótima observação, a mãe sofre mesmo uma pressão muito grande, e é por isso que temos que incentivar que cada vez mais pais assumam o papel de cuidador consciente, para que a pressão seja dividida, né?
Grande abraço e muito obrigado pelos elogios!
Para o Leo se aprofundar na paternagem! Fátima Sponhardi Kelli Napoleão Scacchetti
Willian Marques esta pagina e este blog são ideias para vc ir se aprofundando pra quando seu peuqeno chegar!!