É de se esperar que alguém que foi silenciado na infância com “engole o choro”, tenha dificuldade de lidar e acolher o choro dos filhos. Mas esse pode ser o caminho de cura. Para que acolhendo, acolha também a si mesmo.
Uma das coisas mais desafiadoras da paternidade, foi a forma como eu precisei olhar para a minha própria criação para poder pensar na criação dos meus filhos.
Não foi fácil lidar com a dor de perceber o silenciamento e o distanciamento afetivo que eu vivi na minha infância. E infelizmente, isso não diz apenas sobre mim e os meus pais, mas sobre uma geração inteira, que aprendeu que esse era o jeito de educar.
Nossos pais fizeram o melhor que podiam com a informação que tinham. Mas ainda assim, isso deixou marcas. E é muito importante que a gente consiga reconhecer essas marcas quando estamos lidando com os nossos filhos.
Entender que o choro deles, pode despertar os nossos choros silenciados. Que as emoções deles, podem nos lembrar das nossas emoções contidas pelo medo. Só que agora podemos mudar a história. Curar e acolher, como gostaríamos de ter sido acolhidos.
Se algo na sua relação com seu filho é difícil demais pra você, pode ser uma dessas marcas do que você viveu. Olha pra isso, tenta entender e cuidar. É o que eu sempre digo e volto a repetir:
Todas as vezes que você abraça seu filho, você se cura um pouco. Todas as vezes que você abraça seu filho, você é abraçado de volta.
O que seu filho tem ajudado a curar por aí?