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Assisti Ridley Jones com os meus filhos

"Vamos juntos promovendo diálogos que vão construir um mundo e uma sociedade melhor, com mais respeito e empatia com todas as pessoas."

Ultimamente, tem se falado muito sobre esse desenho da Netflix, e eu já tinha assistido antes mesmo dessa polêmica toda ser levantada. Apesar de toda a onda de conservadorismo que a gente ainda enfrenta no país, precisamos conversar sobre como esses desenhos podem nos auxiliar numa desconstrução em nós mesmos, e como apresentar o mundo de uma forma mais respeitosa para os nossos filhos.

Mas fica aqui um aviso: se você veio aqui buscando um comentário conservador, infelizmente você não vai encontrar. Mesmo assim, convido você a ler esse texto até o final e iniciar um diálogo construtivo, civilizado e pacífico nos comentários. Bora?

Esse desenho conta a história da Ridley Jones, que protege os tesouros de um museu com a ajuda dos seus amigos e, como talvez você já esteja imaginando, à noite, tudo cria vida no museu!

Parece um desenho fofo, né? E é! Mas o que vem incomodando as pessoas é o uso de linguagem neutra. Por exemplo, no lugar de se referir a todas e todos, o desenho normalmente se refere a todes, o que é uma maneira de incluir, dentro da linguagem, todos os outros gêneros e não apenas os gêneros masculino e feminino.

Veja, o uso da linguagem neutra não tem como propósito apagar a existência dos gêneros masculino e feminino. Na verdade, a linguagem neutra busca o oposto: incluir e acolher todos os gêneros, sem distinção.

Para além disso tudo, é um desenho sobre aceitação, respeito e afetos, por isso que eu gosto tanto dele e recomendo que você assista com seus filhos.

E calma, esse desenho não vai fazer com que seu filho se torne uma pessoa LGBTQIAP+. Até porque não se define gênero nem sexualidade a partir de desenhos animados, por mais que você pense que modelos têm influência nisso.

Pense comigo, se modelos fossem tão definitivos, um casal de pais héteros jamais teriam, por exemplo, um filho gay. Ou um filho trans.

Por outro lado, sabe o que esse desenho pode fazer com o seu filho? Ele pode ajudar seu filho a ser mais respeitoso, mais empático. Pode ajudar seu filho (e você também) a ter uma visão mais ampla e abrangente sobre o que é a vivência humana, com todas as suas amplitudes, complexidades e subjetividades.

A questão é que a gente tem tanto medo dos nossos próprios preconceitos que eu até entendo que a gente se sinta um pouco desconfortável de assistir esse tipo de desenho ou de deixar nossos filhos assistirem. Afinal, isso pode provocar perguntas e conversas que nós ainda não estamos preparados para responder ou desconstruídos o suficiente para enxergar com a naturalidade que a diversidade humana deveria ser enxergada.

Portanto, se eu, por exemplo, uma pessoa cisgêreno e heterossexual, não vivo na pele o que é ser uma pessoa da comunidade LGBTQIAP+, é minha função começar a estudar, ler e ouvir pessoas LGBTQIAP+ sobre isso. E não apenas isso, mas também conversar com os meus filhos sobre isso.

Qual será então o motivo de incomodar tanto o fato de um desenho usar todes no lugar de todas ou todos? Por que revolta tanto que uma das personagens tenha dois pais? Ou porque gera tanto ódio quando um personagem, que nasceu uma bisão fêmea se identifica como um bisão macho, e passa por todo um processo de aceitação?

Porque achamos que isso não é legal de se falar?

Conversar com nossos filhos sobre as coisas da vida, necessariamente vai passar por perguntas constrangedoras e que não sabemos a resposta. E que potente é poder responder aos nossos filhos que não temos a resposta,que precisamos aprender mais e que podemos aprender juntos.

Aprender sobre aquele bisão que passou por todo aquele processo, dizer que pessoas também passam por situações assim, explicar que existem famílias com dois pais ou duas mães e naturalizar isso.

As pessoas LGBTQIAP+ existem! O fato de não falarmos sobre elas para os nossos filhos, não faz com que elas deixem de existir. Pelo contrário, essa invisibilização só causa sofrimento.

Não precisamos falar sobre isso como se fosse uma aula acadêmica sobre gênero e sexualidade para crianças, mas entender que esse é um processo de aceitação, afeto, acolhimento e entendimento. Que diversidade é algo natural na nossa sociedade.

No lugar de evitar e ser tão crítico à série, que tal usarmos esse desenho como uma ferramenta facilitadora para falar sobre certos temas com naturalidade? Como disse no início, eu já assisti o desenho e não tem nada de mais além de tratar o tema com naturalidade, que é a forma com que todos deveríamos olhar também.

Não falar sobre isso, não ensinar sobre diversidade, é apoiar a marginalização e opressão de pessoas. Falar sobre não muda a orientação sexual dos nossos filhos, muito menos muda o gênero de ninguém.

Falar sobre isso é explicar o mundo com naturalidade e respeito. Conversas difíceis e desconfortáveis fazem parte do pacote de educar filhos para um mundo real. E mais uma vez, precisamos olhar para nós mesmos para entendermos a fonte desse incômodo e que tipo de preconceito precisamos tratar.

Podem ficar tranquilos em assistir Ridley Jones, que é lindo, e vamos juntos promovendo diálogos que vão construir um mundo e uma sociedade melhor, com mais respeito e empatia com todas as pessoas.

E você? Já assistiu? Conta aí nos comentários!

Com carinho,

Thiago Queiroz

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