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Babywearing 101

"Babywearing é uma das melhores coisas que existem. Mas o que é babywearing? Os caras podem se beneficiar do babywearing? Pensando nisso, resolvi fazer esse post: uma mini-aula sobre babywearing para novatos."

A postagem da semana para Os Mamíferos, do Vila Mamífera é sobre babywearing! Para acessar o texto por lá, é só clicar em Babywearing 101, mas estou transcrevendo o texto aqui também.

Babywearing 101

Babywearing é uma das melhores coisas que existem. Mas o que é babywearing? Os caras podem se beneficiar do babywearing? Pensando nisso, resolvi fazer esse post: uma mini-aula sobre babywearing para novatos.

E o que vem a ser isso? O uso do termo em inglês é, na minha opinião, o que melhor representa o espírito da coisa. Babywearing é isso mesmo: vestir o bebê. Mas não é vestir o bebê com as roupinhas lindas que você comprou para ele, e sim vesti-lo em você! Isso traz muitos benefícios (na verdade, não consigo pensar em nenhum malefício) que eu posso listar rapidamente aqui:

  • bebês precisam de contato afetivo, logo, precisam de colo. Não pense que isso irá mimar seu bebê, até porque ele não tem sequer desenvolvimento cerebral para entender o que é ser mimado. Além disso, pense que logo, logo, ele não irá mais querer colo, então aproveite!
  • bebês que recebem contato afetivo ganham peso mais rápido, mamam melhor, choram menos, são mais calmos, e têm melhor desenvolvimento intelectual e motor, como um dos princípios da Criação com Apego declara. Leia mais em Usando o Contato Afetivo.
  • não sei quanto a você, mas se eu carregar meu filho “no braço”, pode contar 15 minutos que a minha coluna já vai começar a reclamar. Com o milagre do babywearing, isso não é mais problema, pois o peso dele é distribuído pelo seu corpo, sem sobrecarregar uma parte específica
  • liberdade de movimentos! Não entendeu? Liberdade de movimentos! Quando você leva seu bebê junto ao corpo, seus braços ficam magicamente livres para fazer outras coisas, como segurar copos, sacolas, etc. Em especial, carregar meu filho desta maneira me trouxe de volta uma coisa muito gostosa que eu sentia bastante falta: andar de mãos dadas com a minha esposa
  • >causar. Causar no shopping, na rua, em tudo que é lugar. É realmente muito divertido ver as pessoas olhando para você com o seu bebê, tentando entender o que está acontecendo. É claro que, às vezes, alguém não se contém e acaba perguntando se não está fazendo mal para o bebê. Realmente, o meu filho apagou dentro do meu sling porque ele desmaiou de dor, não porque está extremamente confortável

E caso você esteja se perguntando se babywearing não é apenas para mulheres, não! Não é! Desde quando carregar seu filho confortavelmente é “coisa de menina”? E, por favor, que papo é esse de “coisa de menina”, não é mesmo? Muito sinceramente, eu adoro carregar meu filho por aí. Lá em casa, é sempre uma discussão para decidir quem vai carregar o Dante, antes de sair de casa. Além disso, só com ele pendurado em mim que eu consigo fazê-lo dormir, então nem precisa repetir que eu adoro babywearing, né?

Sobre os tipos de carregadores, vou dividir em três grandes grupos para facilitar o entendimento sobre eles, e falar um pouco sobre cada um deles, principalmente dos que a gente possui (é bom avisar que somos colecionadores compulsivos de carregadores). Existe uma infinidade de tipos de carregadores, mas eu vou falar apenas dos mais comuns.

Carregadores Transversais

Carregadores transversais são aqueles carregadores de tecido que são colocados no seu tronco transversalmente, apoiando em um dos ombros. É o tipo mais conhecido dos carregadores de tecido, pois tem os chamados slings de argola que, felizmente, estão se popularizando cada vez mais.

Slings de argola

São os mais populares, consistem em um pano com uma argola costurada na ponta. Você amarra como se fosse um cinto, só que ao invés de segurar a sua calça, vai segurar o seu bebê. Quando você veste o sling de argola apoiando-o sobre um dos ombros, forma-se uma espécie de bolsinha próxima ao seu peito, que é onde o bebê ficará confortavelmente. Apesar de ser um dos campeões em termos de gosto popular, esse é o sling que eu menos me adaptei e, portanto, o que menos gosto. A ciência de ajustar o pano com a argola é algo que vai além da minha compreensão e coordenação motora. A minha esposa, recentemente, conseguiu se entender com esse tipo de sling, mas para mim, ainda é um mistério.

Pouch slings

O pouch sling é basicamente um sling de argola, só que sem argola e todo costurado. Eles são feitos sob medida para você e não são reguláveis, mas são os mais simples de usar: é só vestir o sling, colocar o bebê e ser feliz. Gosto bastante deste tipo sling, mas a desvantagem é que se você tiver um biotipo muito diferente da sua esposa, como eu, vai precisar de dois pouch slings em casa. O ponto positivo disso é que você pode escolher uma estampa bem descolada para você, e a sua esposa não vai poder encrencar!

Kepinas

Kepinas, ah, as kepinas. Quanto amor eu tenho por elas. Imagine a kepina como a avó de todos os carregadores. Se você é um cara roots, esqueça todo o resto, você vai querer a kepina. Eu tenho um carinho muito especial por elas, porque descobri a existência delas justamente quando estava começando a pensar que babywearing não era para mim; eu só tinha tentado usar os slings de argola e falhava miseravelmente em todas as tentativas. Foi com as kepinas que eu consegui me entender e carregar meu filho para cima e para baixo, e logo ela se tornou um acessório indispensável para o meu guarda-roupas.

Imagine um pedaço de pano quadrado de 1,20m x 1,20m. Pronto, isso é a kepina. Não é genialmente simples? Eu ainda escreverei um post dedicado à kepina, mas por hora, basta dizer que é extremamente segura, confortável e prática, porque uma vez que você ajusta o nó de acordo com o seu tamanho, não precisa mexer nela nunca mais, muito parecido com a praticidade proporcionada pelos pouch slings.

Wraps

Os wraps são a segunda grande categoria de carregadores. Tratam-se de um pano estreito e bastante longo, que serve para amarrar seu filho de diversas maneiras. A amarração clássica do wrap é a amarração cruzada, onde você cruza o pano no seu tronco, formando um X na frente e nas costas, com o seu filho sustentado confortavelmente de frente para você. Uma imagem vale mais que mil palavras:

wrap-thiago-dante
Dante curtindo um aconchego no wrap (amarrações tradicional e lateral)

Com o wrap, você terá total liberdade de movimentos, com uma excelente distribuição de pesos. Nele, você sentirá toda a segurança para movimentar os braços, carregar coisas e, por incrível que pareça, terá a sensação de que seu bebê está mais leve. Em contrapartida, é um carregador que necessita de algumas tentativas até que você tenha experiência suficiente para dominar as amarrações.

Carregadores Estruturados

Deixei os carregadores estruturados por último de propósito, pois são os carregadores mais populares que existem, também chamados de cangurus. Os cangurus, apesar de parecerem perfeitamente adequados aos bebês, e de serem vendidos desta maneira, requerem uma grande atenção dos pais devido a algo chamado displasia de quadril. Mas que diabos é displasia de quadril?

Você já percebeu que quase sempre, quando alguém está carregando um bebê em um canguru, você tem a impressão de que as pernas dele estão “penduradas”? Não é impressão, as pernas estão realmente penduradas, sobrecarregando os ossos das articulações do quadril. Quando não há sustentação ao longo de toda a coxa até a articulação do joelho, as forças resultantes nas articulações do quadril podem contribuir para o desenvolvimento da displasia de quadril. De maneira bem sucinta, a displasia de quadril ocorre quando os ossos das articulações do quadril não estão alinhados corretamente. Existe tratamento, mas se existe prevenção, por que não?

Displasia de quadril, quadro comparativo. Fonte: http://www.hipdysplasia.org
Displasia de quadril, quadro comparativo. Fonte: http://www.hipdysplasia.org

Isso não significa, porém, que todos os carregadores estruturados devam ser queimados em praça pública. Atualmente, há carregadores estruturados que são ergonomicamente adequados para os bebês, oferecendo uma sustentação adequada. Dentre eles, há o ErgoBaby, mas estes ainda são muito caros (pelo menos para a minha realidade), e eu acabo preferindo os carregadores de tecido.

Mei Tai, o Híbrido

Eu sei, eu sei, prometi que seriam apenas três grandes categorias, mas acho que vale uma menção honrosa aos mei tais, carregadores asiáticos que parecem um cruzamento entre um wrap e um carregador estruturado. Feitos inteiramente de tecido, esse carregador alia a flexibilidade e conforto de um wrap com a praticidade dos carregadores estruturados. São adequados ergonomicamente aos bebês e, ainda assim, bem mais baratos que os novos carregadores estruturados, do tipo ErgoBaby.

 

Falando em termos práticos, se eu fosse indicar um primeiro carregador para você, principalmente o pai, eu indicaria ou o pouch sling ou a kepina. São os mais simples e mais fáceis de se apaixonar, além de serem mais baratos. Compre, ou pegue emprestado com alguém, e faça um test drive, mas aqui vai uma dica: pratique antes com algum objeto que possa representar o bebê, não use o bebê de verdade porque eles ficam facilmente irritados quando percebem que você está nervoso com a experiência. Teste um pouco com uma boneca, ou qualquer outra coisa, até que você tenha confiança para tentar com o seu bebê.

Pronto, agora é só você escolher um carregador e ser feliz com o seu bebê no colo. Viva o babywearing!

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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Comentários

5 comentários em “Babywearing 101”

  1. Thiago, gostaria de colocar uma ressalva para seus leitores. POUCH é um porta-bebê de apoio, serve para facilitar trajetos curtos e momentâneos, nunca pode ser usado como porta-bebê por inteiro, pois não sustenta o bebê por inteiro. Como não tem ajuste, que é o ponto fraco, não se adapta a qualquer corpo e dificulta para certas pessoas terem os bebês mais colados ao corpo, que se ajustado permitiria mais sentimento de segurança. O fato de ter um tamanho somente dura super pouco, pois logo fica muito apertado ou muito grande. Porém quem quer se divertir com uma faixa de tecido em tempos quentes e por pouco tempo, recomendo, desde que o portador se conscientize que deve ficar atento ao bebê e apoiar sempre as costas do baby. Logico, nunca sentar de buda um bebê e nunca virar de frente, sempre cocoras e virado para quem carrega. Fica a dica 😉

  2. Oi, Ingrid!

    A primeira kepina que comprei foi em um grupo de apoio à amamentação aqui no Rio, nas “Amigas do Peito”. Não sei se ainda vendem lá, mas de todo modo, é muito fácil fazer a sua própria kepina! Você só precisa de um pano de 1,20m x 1,20m na estampa que você desejar. A maioria das kepinas que tenho hoje são assim: comprei o tecido e mandei fazer a bainha!

  3. Marcella Guerreiro

    Eu tenho o sling de argola e gosto bastante! Realmente, percebo muito esse olhar de estranheza das pessoas quando saio na rua slingando com minha bebê! Mas nem ligo, causar é a palavra perfeita! Acho até graça, pq moro em Manaus, suposta terra dos iíndios, que usam sling há tanto tempo.! Kkk
    Fiquei em dúvida sobre o kepina, minha filha já tem dez kg, será que ainda se encaixa bem em um?

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