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E Não é Que o Bebê Apegado é Bem Independente?

"Temos medo que a criação dos filhos tenha algum efeito negativo, que a criação com apego faça eles ficarem dependentes. Esse post mostra que não é bem assim."

Queria compartilhar algo com vocês hoje, na véspera do aniversário de 1 ano do Dante. Não é um retrospecto do primeiro ano de vida, não. Isso vai ser um outro post, mas queria falar um pouco sobre algo que eu acho que falarei bastante ao longo dos próximos anos, com o desenvolvimento do meu filho: independência.

Antes de mais nada, é muito importante dar um aviso: esse post reflete a minha experiência familiar, e não reflete a realidade familiar de todo mundo. Talvez algumas pessoas se identifiquem, mas muitas outras não se identificarão. Isso porque cada bebê é único e têm necessidades (e intensidades) diferentes entre si. Junte isso à diferença entre pais enquanto pessoas diferentes, e você terá a linda singularidade de cada família!

Por mais que estudemos, nós ainda ficamos com a pulga atrás da orelha sobre o que estamos fazendo e os potenciais efeitos negativos que isso pode causar em nossos filhos. É perfeitamente normal ter esses momentos de insegurança, até porque nunca saberemos o que vai acontecer em seguida. Por isso que quando alguma coisa dá evidência de que estamos no caminho certo, sobram motivos para comemorar.

É o caso da independência dos nossos bebês. Nós sabemos, que atendendo às necessidades deles, dando um cuidado amoroso e consistente, estamos na verdade promovendo a sua independência natural. Nossa expectativa é que nossos filhos sejam seguros o suficiente para explorar o mundo, sem dúvida, mas quem é que nunca ouviu:

– Fica dando muito colo que ele nunca mais vai querer sair do seu colo.

– Se você ficar dando colo, ele nunca vai andar.

– Pega ele toda hora que ele vai ficar mimado.

– Se você atender sempre a ele, ele nunca vai ser independente.

E, claro, quando você ouve demais esse tipo de declaração, sempre alguma minhoca oportunista acaba se implantando na sua cabeça. Isso é normal, mas temos que tomar cuidado para que essa minhoca não vire um dragão-de-komodo na sua cabeça (eu sei que minhocas e dragões-de-komodo não têm nada a ver, mas eu acho divertido falar “dragão-de-komodo”) e para isso, é importante nos cercarmos de pessoas que também acreditam no tipo de criação que damos para  nossos filhos.

Todos sabem que o Dante sempre teve muito colo. Colo quando ele quis, quando eu quis, quando a Anne quis. Principalmente para eu, que trabalho o dia inteiro fora de casa, o colo é algo essencial para que eu consiga me reconectar com o meu filho após um dia chato de trabalho e, além disso, o babywearing rola solto na nossa família. Eu, particularmente, não sou das pessoas que têm muito medo do tal risco do meu filho ser mimado ou coisa do gênero, porque eu acredito muito no potencial positivo da criação com apego. De verdade.

Muito bem, Dante faz um ano de vida amanhã e, desde semana passada, já começou a ensaiar seus primeiros passos. Mais do que isso, ele pede para ir para o chão já há algum tempo. Pede, não. Luta, grita, chora, faz de tudo porque quer ir para o chão. O colo não é mais tão legal quanto estar no chão, engatinhando e explorando o mundo, ou treinando dar seus passinhos.

Dante, aquele mesmo bebê quietinho que ia para todos os lugares com a gente, que todo mundo elogiava porque ele era tão “calminho”, aquele bebê que só ficava no colo e não chorava, agora é um bebê que quer se soltar dos braços dos pais, ir para o chão e sair por aí, explorando esse mundo tão grande e novo para ele.

Agora, andar na rua ou no shopping é uma nova aventura. Agora, ficar batendo perna em restaurantes e lojas é mais divertido que ficar sentado no colo dos pais. Agora, interagir com outras pessoas, adultos e crianças, é muito mais legal.

Tá, pode me chamar de babão. Eu só não vou mudar o nome do blog para Paizinho Babão.

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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Comentários

6 comentários em “E Não é Que o Bebê Apegado é Bem Independente?”

  1. Camila Cristina Büthencourte

    Estou passando por um momento parecido, o meu Lorenzo em duas semanas faz um ano e sempre ganhou muito colo. Agora também pede para ir no chão e quando não vai reclama. Se ele chora, ganha atenção e achei que ficaria muito dependente de mim, mas no caso posso pedir para minha mãe ou minha sogra ficarem um dia, ou uma noite com ele e fica com zero % de saudade da mamãe. Meu bebê está crescendo…

  2. Luciano Goya no Facebook

    Concordo com vc, eu faço de tudo para meus filhos não sei dizer não, e olha que eles tem 15 e 13 anos, já escutei gente falando que estou errado porque as pessoas tem que aprender a ser independentes, ta tudo bem eu fui criado assim sempre fui Leia mais…

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