Por Daniel Becker e Thiago Queiroz
A criação tradicional é baseada em um modelo punitivista. Um modelo que acredita que a única forma de ensinar uma criança sobre certo ou errado, é através da punição. Seja ela física ou emocional.
E qual a implicação disso?
A criança não aprende que aquilo é errado e que não deve ser feito. Ela aprende que se ela fizer aquilo, será punida, sem refletir sobre o assunto. Na verdade, a punição é sobretudo uma forma de fazer a criança sofrer, em vez de aprender..
Além de não provocar uma conscientização a respeito dos próprios atos, ela entende que pode fazer, desde que não seja descoberta.
As pessoas acham que o castigo é uma forma de educar menos violenta que a palmada. Sim, é menos violenta mas tão pouco eficiente quanto.
Imaginem uma criança que foi educada através de castigo, onde o único impedimento era o medo de ser punida. Se um dia ela tiver a possibilidade e liberdade para fazer sem a ameaça da punição, que repertório ela tem para diferenciar o que é certo ou errado, se ela nunca foi estimulada a refletir, apenas a obedecer?
Ok, já sei que o castigo não é o melhor caminho.
Como eu vou educar então?
Primeiro é importante dissociar o erro da punição.
Existem outras formas de lidar com o erro de uma criança que não seja fazendo ela se sentir mal por isso.
Por exemplo, se um amigo te conta sobre ter cometido um erro, você reprova a atitude e ainda assim ajuda ele a buscar uma solução para consertar o erro. Ou você vai humilhá-lo para que ele se sinta mal e aprenda a não fazer mais aquilo?
Por que os adultos que têm muito mais vivência e maturidade, merecem mais empatia e compaixão quando erram do que as crianças que estão aprendendo a se relacionar?
Precisamos olhar para o erro como uma oportunidade de aprendizagem. Uma oportunidade para ensinar as regras sociais, como tratar as pessoas com gentileza e respeito e ensinar ferramentas para lidar com as próprias emoções.
É uma oportunidade de ajudar a criança a refletir sobre como ela agiu, sobre as consequências disso e pensar em soluções para essa situação.
Uma ponderação que não é possível quando ela é simplesmente punida pelo que fez.
Então a criança nunca vai lidar com as consequências dos atos dela?
Sim, vai lidar com as consequências lógicas.
- Pintou a parede -> A parede vai ficar suja -> Vai precisar limpar.
- Jogou o brinquedo-> O brinquedo quebrou -> Vai brincar com o brinquedo quebrado.
- Não quer colocar o sapato -> Não pode sair sem sapato -> Só vamos sair quando estiver com os sapatos.
Com muito cuidado para não confundir consequência lógica com punição. Não ver televisão porque pintou no chão, não tem nada a ver, correto? Então não é consequência, é punição.
A disciplina positiva apresenta ferramentas que podem ajudar muito no dia a dia com as crianças e estamos sempre falando disso por aqui.
Precisamos que as novas gerações tenham senso crítico, capacidade analítica e inteligência emocional, e só conseguimos isso através de uma criação que veja a criança como um indivíduo que é digno de respeito.
A discussão sobre uma nova forma de educar é urgente e necessária.
Vamos aprendendo juntos.
Com carinho,
Daniel Becker e Thiago Queiroz