Ter empatia com nossos filhos não é (e nunca será) sobre permissividade, nem falta de “pulso” ou autoridade.
É sobre entender que nossos filhos têm vontades e que isso é legítimo, e não obrigatoriamente significa que essas vontades serão atendidas.
Vamos a alguns exemplos?
1) Hora de desligar a TV. Criança chora e protesta.
“Tá na hora de desligar a TV, filho, e eu estou vendo o quando você está chateado! É difícil mesmo parar algo que gostamos de fazer, eu entendo.”
ou
“Nossa, esse desenho está bem divertido, né? Vamos desligar a TV agora e você pode me contar sobre ele. Qual o episódio mais engraçado? Qual seu personagem favorito?”
Percebe? A TV continua desligada, mas a criança foi acolhida. A mensagem de que nos importamos foi passada.
2) Hora de ir pra escola. Criança se recusa a ir.
“É hora de ir pra escola agora, e estou sentindo que você não quer ir porque talvez esteja sentindo medo. Você pode mesmo se sentir assim, eu também ficava com medo quando era menor. Será que um abraço apertado pode ajudar?”
ou
“É porque vai ficar longe da mamãe/papai? É difícil, né? Porque você tem medo, mesmo sabendo l que você vai fazer coisas divertidas, como brincar com os amigos, aprender coisas novas… Sei que pode ser confuso, e saiba que depois eu vou te buscar para ficarmos juntos de novo.”
3) Irmãos brigando por um brinquedo, um deles tenta bater.
“Filho, eu não vou deixar você bater no seu irmão. É tão difícil dividir os brinquedos, eu sei! Você está cheio de raiva, e estou aqui para ajudar. Sente aqui comigo, vamos respirar juntos??
ou
“Filho, a gente não bate aqui, lembra? Você está com raiva agora. Vem se acalmar comigo e depois a gente tenta resolver isso com o seu irmão usando as palavras, não as mãos, ok?”
Em nenhuma dessas situações, abrimos mão dos limites e combinados, mas isso não impede que sejamos empáticos e ajudemos nossos filhos a passar por esses grandes sentimentos negativos.
É claro que em muitos momentos não vai ser simples assim e precisamos alinhar as expectativas em relação a isso.
Precisamos lembrar que a frustração vai existir. A criança vai protestar, ficar chateada.
Você pode dar nome a isso, validar o que ela está sentindo, oferecer ajuda para acalmar e ainda assim, manter o limite.
“Filha, você está frustrada porque gosta muito de ver TV. Eu entendo. Um abraço pode ajudar a se sentir melhor.”
Lembre-se que você também fica muito frustrada(o) quando não consegue o que quer ou as coisas não saem como você planejou. E ninguém te coloca de castigo por isso.
Precisamos lembrar que todos os sentimentos são válidos. A gente não julga o que a criança sente, mas orienta em relação a forma de expressar isso.
Pode sentir raiva mas não pode bater, pode ficar frustrado mas não vale ser grosseiro, etc.
Ensinar os nossos filhos a identificar os sentimentos, dar nome a eles e desenvolver ferramentas para gerenciar suas emoções é a base para um vida adulta emocionalmente mais saudável.
Na dúvida, se conecte ao amor que você sente por ele e seja a pessoa que você gostaria que estivesse ao seu lado durante suas crises emocionais.
Com carinho,
Thiago Queiroz