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Estudo Mostra Como a Palmada Afeta o Desenvolvimento da Criança

"Um novo estudo conclui que a palmada como forma de punição pode ser muito mais prejudicial que benéfico. Foi descoberto que havia impactos não apenas no desenvolvimento comportamental, mas também no desenvolvimento cognitivo. A palmada modela a agressão como uma maneira de resolver problemas."

(traduzido e adaptado por Thiago Queiroz, da versão inglesa, link original)

Um novo estudo publicado na última segunda-feira, no jornal Pediatrics, conclui que a palmada como forma de punição pode ser muito mais prejudicial que benéfico. Conduzido através de um grupo de 1.933 pais, o estudo perguntou a mães e pais sobre seus hábitos em relação à palmada, quando seus filhos tinham 3 anos de idade e novamente dois anos depois. As crianças foram então testadas quando fizeram 9 anos e foram feitas perguntas com a finalidade de avaliar as competências linguísticas e o comportamento agressivo.

Os autores do estudo descobriram que um grande número de pais ainda batem regularmente nos seus filhos: 57% das mães e 40% dos pais disseram que bateram em suas crianças de 3 anos .

Ao mesmo tempo, o estudo mostrou que a palmada teve efeitos negativos a longo prazo sobre o comportamento das crianças e desenvolvimento de habilidades de linguagem:

[bra_blockquote align=”]A palmada por parte da mãe em filhos de 5 anos, mesmo que menos intensamente, foi associada a níveis mais elevados de comportamentos exteriorizados de crianças aos 9 anos, mesmo depois de controlar uma série de riscos e comportamento infantil precoce. A palmada dada por pais com grande frequência em filhos de 5 anos foi associada a menores pontuações de vocabulário receptivo infantil aos 9 anos.[/bra_blockquote]

Os efeitos da palmada, de acordo com autor principal do estudo Michael J. MacKenzie, são mais abrangentes e mais duradouros do que alguns pais podem achar. Esses efeitos podem piorar ainda mais a medida que a criança apanha mais.

“Nós descobrimos que havia impactos não apenas no desenvolvimento comportamental que as pessoas normalmente se preocupam, mas também nos marcadores de desenvolvimento cognitivo, como a capacidade verbal da criança,” disse MacKenzie, professor associado da Columbia University School of Social Work de Nova Iorque, para a HealthDay. “Estes efeitos são de longa duração. Eles não são apenas problemas de curto prazo que vão embora com o tempo. E os efeitos eram mais fortes para aqueles que apanharam mais do que duas vezes por semana.”

Os resultados do estudo não surpreendem a pesquisadora Elizabeth Gershoff, uma psicóloga do desenvolvimento na Universidade do Texas em Austin, que estuda como a criação e a disciplina afetam o desenvolvimento das crianças.

“Não há evidências de que a palmada é boa para as crianças”, Gershoff, que não esteve envolvida no estudo, disse à Reuters Health. “A palmada modela a agressão como uma maneira de resolver problemas, que você pode bater nas pessoas e conseguir o que quer.”

Mas se tanto da ciência está de acordo, por que cerca de metade de todos os pais continuam a usar o castigo corporal como uma forma de disciplina corretiva?

“Eu imagino que este achado… surpreende as pessoas que usaram a palmada, porque elas tendem a concentrar-se nos resultados que podem ver de imediato, que a palmada pode fazer seu filho parar de fazer o que está fazendo no momento”, Catherine Taylor, uma professora associada de saúde da comunidade global e ciências comportamentais da Universidade de Tulane, disse à HealthDay .

MacKenzie, autor do estudo, concorda.

“A palmada realmente faz a criança parar,” ele disse ao The New York Times. “Ela dá o feedback imediato que está funcionando. Mas o objetivo é fazer com que as crianças regulem-se ao longo do tempo, por conta própria. E para isso, a palmada falha.”

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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