(traduzido e adaptado por Thiago Queiroz, da versão inglesa, link original)
As páginas seguintes contêm uma versão condensada dos Oito Princípios. Se você possuir dúvidas sobre estes Princípios, ou sobre como aplicá-los na sua família, por favor, entre em contato com um Líder API próximo a você, ou poste suas dúvidas e comentários no fórum da API.
“O seu bebê já está dormindo a noite toda?” é frequentemente a primeira pergunta que as pessoas fazem para novos pais. A verdade é que a maioria dos bebês não dorme a noite toda, e ainda assim isto é um mito perpetuado de geração a geração. Os bebês possuem necessidades à noite tanto quanto de dia; seja de fome, solidão, medo, frio ou calor. Eles precisam da garantia de pais amáveis para sentir-se seguros durante a noite. Muitos bebês realmente passam por uma fase onde dormem por longos períodos de tempo, apenas para começar a acordar de noite durante diferentes estágios de desenvolvimento. Eles podem acordar ocasionalmente devido a pesadelos, dentição, doença, saltos de crescimento, ou durante períodos de transição em suas vidas. Os bebês são bastante sensíveis ao stress de seus pais, o que também pode afetar seus padrões de sono.
Os pais podem ajudar seus filhos a aprender que a hora de dormir ou da soneca é uma hora de paz; uma hora de conexão, aconchego e calma. Mesmo que um filho mais novo possa crescer precisando se alimentar durante a noite, eles podem ainda precisar de conforto e segurança.
Pais que ficam frustrados por acordar frequentemente, ou que sofrem privação de sono podem ficar tentados a lançar mão de técnicas que recomendam deixar o bebê chorar, numa tentativa de “ensiná-lo” a “acalmar a si próprio”, Novas pesquisas sugerem que estas técnicas podem apresentar efeitos psicológicos prejudiciais no bebê, aumentando os níveis do hormônio do stress cortisol no cérebro, com potenciais efeitos em longo prazo na regulação emocional, padrões de sono e comportamento. Um bebê não é capaz neurologicamente ou tem desenvolvimento suficiente para se acalmar até dormir, de uma maneira saudável. A parte do cérebro que ajuda a criança a se acalmar não é suficientemente desenvolvida até que a criança tenha entre dois anos e meio, e três anos de idade. Até então, uma criança depende dos seus pais para ajudá-lo a se acalmar e para aprender a regular seus sentimentos intensos.
O Caso Contra o Sono Solitário
É importante realçar que deixar um bebê dormir sozinho é uma prática relativamente nova, que “evoluiu” no mundo ocidental nos últimos 100 anos. Recentemente, vem-se empregando esforços por várias organizações médicas e profissionais para desencorajar os pais de dormir com seus filhos, por medo de que isto contribua para o aumento na Síndrome de Morte Súbita Infantil (SMSI). Entretanto, novas pesquisas demonstram que a cama compartilhada, quando praticada por pais informados, pode ser segura e benéfica. Na verdade, muitas culturas onde os pais dormem com seus filhos reportam os menores índices de SMSI. Em algumas dessas culturas, a SMSI é até inexistente.
A API encoraja os pais a responder às necessidades de seus filhos à noite, da mesma maneira que durante o dia. Os pais também são encorajados a explorar uma variedade de diferentes arranjos de sono, e escolher a melhor alternativa que permita que eles consigam responder melhor à noite. Os padrões de sono e necessidades individuais de bebês variam bastante. Seja flexível e entenda que é adequado para o desenvolvimento, e normal para os bebês acordar à noite para se alimentarem e buscar contato.
O Que é Cama Compartilhada (Co-Sleeping)?
Muitos termos relacionado ao sono dos bebês são usados de modo intercambiável, o que pode causar confusão. A API usa as seguintes definições:
- Co-sleeping refere-se a dormir a uma “distância próxima”, o que significa que o filho está dormindo em uma superfície diferente, mas no mesmo quarto dos pais. Isto inclui o uso de berços de vime, moisés, ou berço-cama (um berço com apenas três paredes, anexado à cama dos pais, onde a quarta parede não existe, permitindo acesso livre dos pais diretamente da cama). Para filhos mais velhos, isto pode ser dormir em uma cama separada no mesmo quarto dos pais, ou dois ou mais irmãos mais velhos dormindo juntos em um quarto separado dos pais.
- Cama Compartilhada, também chamada de “cama familiar”, descreve um arranjo de sono onde os membros da família dormem na mesma superfície. Esta prática é recomendada apenas para famílias que amamentam usando as Diretrizes de Sono Seguro da API.
Rotinas Noturnas
- Independente dos arranjos de sono, as rotinas noturnas frequentemente ajudam todos a se relaxar depois de um dia atribulado, e a estabelecer hábitos de sono mais saudáveis
- Experimente encontrar a rotina que funciona melhor para o seu filho e lembre-se que qualquer rotina noturna pode levar 30 minutos, ou uma hora, ou mais
- Tenha em mente que as rotinas de sono mudam ao longo do crescimento e amadurecimento do seu filho. Mantenha o senso de humor e seja flexível
- Ajude o seu filho a aprender a confiar no seu próprio corpo quando ele estiver cansado, reconhecendo sinais de cansaço, e não forçando ele a dormir quando não estiver cansado, ou tentando mantê-lo acordado quando ele estiver cansado, só para cumprir a rotina
- Quando a hora chegar do seu filho fazer a transição para sua própria cama, assegure que a transição seja gentil e que os pais respondam a quaisquer sentimentos de medo ou tristeza experimentados pela criança
- As crianças mais jovens, que têm sua própria cama, tendem a dormir melhor quando os pais deitam com elas em suas camas até que elas fiquem bem sonolentas, ou até que elas durmam. As crianças crescem e dispensam esta necessidade quando estiverem prontas e irão alegremente dormir por conta própria
- Crianças mais velhas podem ainda apreciar um breve aconchego com seus pais antes de irem para a cama
- Nem a criação, nem a cama compartilhada precisam desencorajar a intimidade; com um pouco de criatividade, incluindo momento e local certo, o casal pode garantir que a intimidade não seja atrapalhada indevidamente por casa do novo bebê
Para maiores informações, por favor, visite a página sobre Sono Seguro Infantil da Attachment Parenting International.
20 comentários em “5- Garantindo um Sono Seguro, Física e Emocionalmente – Princípios da Criação com Apego”
Oi Thiago, primeiro quero parabeniza-lo pelo site! Muito bom! eu não sabia nada sobre criação com apego até que minha bebê nasceu e tenho me identificado muito com esse modo de viver. Tento atender a todas as necessidades da minha filha e fiz questão de encontrar uma babá que pensa exatamente como eu. Essa questão do sono no entanto tem me incomodado muito. Até os 2meses e meio minha bebe dormia a noite toda, das 23-5hs. Depois disso começou a acordar muito a noite. Hoje ela tem 5 meses.
Eu tenho o sentimento de que a culpa é minha! Fico pensando que se ela não dorme bem é porque eu estou fazendo alguma coisa errada! Quando ela está com a babá ela dorme rapidinho, mas comigo ela chora, pega e solta o peito e muitas vezes ela só dorme se eu der o peito ou se estiver do lado dela. Isso é normal? Ou será que estou mesmo errando em alguma coisa? Eu sinto raiva quando as pessoas me perguntam se ela dorme a noite toda e pra falar a verdade eu minto. Digo que ela dorme sim. Por que senão eu ainda sou obrigada a ouvir que eu mimei ela, que ela ficou mal acostumada e que eu deveria testar esse ou aquele método estapafúrdio de deixar a criança chorando e sem se alimentar durante a noite toda. E nem posso contar com a ajuda do meu marido. Ele não pensa como eu e tb acha que estou mimando a bebê.
Olá, Pa! Muito obrigado pelo comentário e pelo elogio!
Fique tranquila e joga essa culpa pra bem longe! É absolutamente normal que os bebês mudem seu padrão de sono ao longo dos primeiros anos de vida e, principalmente, durante o primeiro ano de vida. Na verdade, se existe uma certeza em tudo isso é: sua filha não vai manter o mesmo padrão de sono. E isso acontece por uma série de motivos: o desenvolvimento normal do cérebro, um salto de crescimento, um salto de desenvolvimento, dentição, e muitas outras coisas.
Com relação à comparação de como a sua filha dorme com você e com a sua babá, isso também é perfeitamente compreensível. Se você tem uma babá, imagino que você esteja trabalhando fora, né? Se sim, a sua filha demora mais a dormir com você justamente porque ela fica no dilema da vontade de dormir contra a vontade de querer ficar um pouco mais com você. E também é normal que a sua filha queira dormir com você do lado e no peito! O Dante, geralmente, só dorme com a mãe deitando do lado e dando peito também. Quem não gosta de um aconchego para dormir, não mesmo?
Um abraço!
Olá, sou psicóloga e sempre aconselhei que as crianças dormissem em quartos separados dos pais, até pq foi isso que aprendi na faculdade, até ser mãe. Minha neném nasceu prematura e ficou duas semanas na UTI, foram dias em que eu não dormi. Qdo ela voltou pra casa, dormia no carrinho do lado da cama, eu ouvia cada barulho que ela fazia, com a rotina da amamentação comecei a fazer novos arranjos para poder dormir e descansar, fazia uma poltrona de travesseiros e a deitava no meu colo apoiada na almofada de amamentação, como minha cama é king, fazia isso quase no meio da cama, sem perigo dela cair! Com o tempo, ela dormiu num berço no meu quarto com meu marido até os 10 meses, então nos mudamos de casa e ela dormiu duas noites no berço e quarto dela, foi um tormento! Ela acordava toda hora e não conseguimos dormir, hoje ela dorme na nossa cama, qdo adormece colocamos num colchonete no chão que chamamos carinhosamente de “cafofinho”, de madrugada ela acorda para mamar e vai para nossa cama e dorme no meio da gente…é muito gostoso, ela é folgada, se mexe muito, atravessa na cama, mas é muito carinhosa e dormimos mais tranquilos e ela dorme diretão (eqto sei de crianças que não dormem tranquilas até os dois anos). Qdo ela era bem pequenininha eu colocava ela ao meu lado e uma montanha de travesseiros na beirada da cama, mas me sentia sufocada pq ela e o pai são muito espaçosos, então comecei a deixá-la dormir no meio da gente, mas fazia uma barreira entre ela e meu marido com um minhocão de travesseiro q usei na gestação para apoiar a barriga, mas logo ela aprendeu a escalar a barreira para dormir no “cheirinho” do papai. Hoje ela tem um ano e dois meses e só adormece se estivermos os dois na cama, ela segura com uma mãozinha na minha mão e a outra na mão do pai dela e vai cheirando nossos dedos até adormecer…recomendo!
Oi, Alinny! Lindo, lindo relato! É muito bom quando a gente começa a ouvir mais a nossa intuição e o nosso coração, ficando abertos a novas vivências. Muito obrigado por contribuir 🙂
Eu nunca pensei q seria adepta da cama compartilhada. Li muito na gestação, sempre com olhar recriminatório.
Dai Estela nasceu.
E nas poucas vezes q ela dormiu no berço, eu e meu marido dormimos no sofá! So conseguimos voltar pro nosso quatro com ela junto!
E tem sido incrível. Principalmente pq meu marido trabalha e estuda e esse eh, praticamente, nosso único momento os 3 juntos.
Fico com uma questão, que eh a seguinte: nosso quarto é pequeno e nao cabe um berço do lado da cama, entao ela fica na nossa cama. Eh muito inseguro deixa-lá no meio de nos 2? Eh realmente essencial para seguranca deixar q ela durma no canto, próxima a parede?
Obrigada!
Oi, Fê! Tudo bem? Obrigado pela participação, normalmente os pais que praticam CC (Cama Compartilhada) começam assim mesmo, porque é a única maneira de todo mundo conseguir descansar à noite.
Essa vantagem que você citou é ótima mesmo, porque para muitos pais que trabalham fora, essa é justamente a hora que o pai consegue ficar junto da família inteira.
Com relação à sua dúvida, há, sim, uma recomendação para que o bebê durma entre a mãe e a parede, por motivos de segurança, mas isso vai muito de família para família. No nosso caso, por exemplo, o Dante sempre dormiu entre nós dois, tirando algumas raras oportunidades em que eu estava muito, muito cansado, ou quando tomei algumas cervejinhas. Quanto mais velho o bebê fica, mais seguro é, mas nas primeiras semanas o que nós fazíamos era deixar o Dante em uma caminha (tipo essas caminhas de gato e cachorro, sabe? Só que para bebês, claro) no meio de nós. Essa caminha funcionava como uma barreira boa e dava segurança para nós e para o bebê.
O importante é ressaltar que cada família conhece a sua realidade. Se o pai e a mãe sabem que não vão dormir muito pesado e sabem que não se mexem demais durante o sono, dá para tentar com o bebê no meio. Agora, há as contra indicações conhecidas para CC que é pais com obesidade mórbida, distúrbios de sono ou usuário de álcool ou drogas que alterem o estado de consciência. Mas mesmo nesses casos, dá para praticar o cosleeping, que é quando o bebê dorme em outra superfície só que no mesmo quarto.
Espero ter ajudado!
Olá, Thiago! Em primeiro lugar, parabéns pela sua forma de paternagem. Apesar de você ser um pai mais recente que eu, estou aprendendo muito com seu blog. Diferentemente da Ana, acima, meu bebê só dorme ninado, justamente porque o início da vida foi de muita cólica (teve alergia à proteína do leite da vaca e até eu descobrir foi muito dolorido) e eu queria deixá-lo no colo e no peito para acalmar. O sono dele ainda é muito conturbado (1a3m), mas graças a Deus, Ele me dá forças para sempre o acalentar, por mais cansaço que eu tenha tido, nunca deixei chorar, a rotina noturna é super extensa porque ele briga muito contra o sono, mas estamos aí, faz parte da maternagem, né? Identifiquei-me com muitas partes desse texto. Sou a favor da cama compartilhada e do que for preciso para ajudar o bebê a ter mais paz e se sentir mais tranquilo, seja de dia ou de noite. Como diz Laura Gutman, “ninguém pede algo de que não precisa”. Se chora ou acorda, é porque precisa ser atendido. E que nossa criação seja de muito apego, para que eles criem autonomia, sim, mas sejam sempre dependentes do nosso amor e da família. 🙂
Um abraço.
Olá! Nossa, perfeita a sua colocação! Obrigado por participar.
Abraço!
Achei o blog fascinante e em quase a totalidade dos princípios percebo que sempre pratiquei a criação com apego instintivamente, do parto a amamentação, e educação de minha filha.
Quero contribuir com minha experiência, minha filha hoje com 9 anos é uma menina feliz, comunicativa, desinibida, inteligente e muito amada por todos, Ela nasceu saudável e desde a primeira noite em casa ele dormiu em seu berço e em seu quarto (que ficava em frente ao meu), após amamentar a noite, eu fazia a shantala e depois colocava no berço sem ficar sacudindo, deixando-a adormecer naturalmente. Durante a noite, verificava com frequência as fraldas, e se ela estava bem, e nunca a encontrei acordada, eu nunca tive problemas para levantar, pois o instinto de mãe (talvez hormônios) me mantinham alerta o tempo todo.
Como um relógio, ela adormecia ás 23:00 h e acordava 05:30 h e não chorava.
Penso que a massagem a deixava relaxada, e mamando por 40 minutos antes de dormir, ela sentia-se saciada e aconchegada. Ela nunca dormiria assim em meu quarto, onde existe movimentação até as duas da manhã, celular tocando, televisão, etc.
Hoje, somos muito apegados, carinhosos, mas não dependentes, penso que não devemos usar de nenhuma teoria para saciar nossas próprias carências afetivas, é preciso saber avaliar o que funciona no lar de cada pessoa
Existem sim princípios, que são interessantes para nos fazer pensar no nosso comprometimento com a criação de nossos tão esperados filhos, mas a direção exata, isso o coração dá, se minha filha tivesse tido cólicas ou qualquer enfermidade, certamente eu teria agido de forma diferente.
Parabenizo pela iniciativa, agradeço por compartilhar informações, nossas crianças merecem pais melhores, pais presentes, pais conscientes de sua missão, não de apenas criar, como um animal irracional faz com seus filhotes, mas dar condição que cada filho encontre um caminho que leve ao ápice do seu crescimento emocional, intelectual, moral e físico. Amo ser mãe.
Olá, Ana, obrigado pela visita e ainda mais por compartilhar a sua bela história!