fbpx

Gritei com o meu filho, e agora?

"Uma conversa aberta e honesta sobre por que gritamos, e o que fazer depois disso."

Então você gritou com seu filho.

Você sentiu suas cordas vocais tremerem furiosamente de raiva.

Mas você viu o medo dentro da pupila dos olhos do seu filho.

E talvez tenha até se encontrado lá, na sua versão infantil, quando também ficou com medo dos seus pais.

Agora, você se sente um lixo.

Vamos conversar?

A primeira coisa que eu queria dizer a você é: respira. Respira fundo mesmo. E então olhe para esses sentimentos, que são reais. Raiva, culpa, confusão, impotência? O que será que está aí nesse mix de emoções de uma mãe (ou pai) totalmente sobrecarregada?

Agora, saiba que isso não acontece só com você. Acontece comigo também. Eu grito também. Suas amigas e amigos gritam também. Aquela influenciadora perfeita que sempre fala calmamente e tira as fotos mais lindas dos filhos também grita. Todos nós gritamos.

O problema é ficar preso na culpa, porque isso nos paralisa e impede que pensemos no que pode ser feito diferente. Culpa por culpa não serve para absolutamente nada, a não ser para enriquecer pessoas que usam da sua culpa para vender produtos e serviços que, adivinhe, não farão você parar de gritar magicamente.

E veja, você já quer fazer diferente. Sabe por que? Porque você está aqui. Você leu a primeira mensagem desse texto, se identificou, e está aqui comigo. Isso significa que você sabe que gritou, mas quer fazer diferente.

E como fazer diferente? Essa é a pergunta de um milhão de reais, porque filhos não vêm com manual, muito menos com fórmula mágica, mas eu gostaria de dividir com você um primeiro passo importante.

Entenda que quando você grita, não é culpa do seu filho.

Você não gritou porque seu filho não colaborou, ou porque sua filha derrubou comida no chão.

A responsabilidade pelo grito é nossa, não dos nossos filhos. Entender e admitir isso pode ser doloroso, mas também nos coloca de volta em um lugar de consciência e controle.

Entender isso é fundamental para fazer o que deve ser feito depois que você grita: pedir desculpas. Reparar a relação. Mas isso não é o suficiente, porque também precisamos saber por que, afinal, nós gritamos.

E, na verdade, nós gritamos porque estamos exaustos. Sobrecarregados. Sem rede de apoio. Sem a possibilidade de conversar sobre nossos próprios dilemas e nossas infâncias. Sem isso, gritar torna-se quase uma sentença.

Não adianta prometer a si mesmo que você nunca mais irá gritar, sejamos honestos. Mas pedir desculpas ao seu filho de uma forma diferente, mais genuína, pode ser já uma excelente mudança:

“Filho, desculpa, o papai gritou, mas não foi culpa sua o meu grito. Eu estou tão cansado e preocupado que perdi o controle.

Mas e como parar de gritar? Infelizmente, essa continua sendo uma das perguntas mais difíceis e, de uma forma geral, só conseguiremos quando tivermos rede de apoio, condições mais humanas de trabalho, formas de conversar e receber ajuda com relação às nossas questões emocionais.

Não é fácil, mas como eu sempre falo, nós somos os adultos da relação. Você tem mais capacidade de se regular emocionalmente do que uma criança. Ter consciência do que você passa, sente e necessita, é uma ótima forma de saber como pedir ajuda.

De todo jeito, o primeiro passo você já deu. Você está aqui. E juntos, nós conseguimos. Um dia de cada vez.

Com carinho, 

Thiago Queiroz.

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

Newsletter

Não perca o melhor do Paizinho no seu email. De graça

Veja esses conteúdos também!

Fazer exercício “Na força do ódio”? | #shorts

Quem me acompanha por aqui e no instagram, sabe que eu tenho adotado hábitos mais saudáveis e feito exercício físico todos os dia. Por isso eu convido vocês a refletirem sobre como a gente encara o exercício como um sofrimento, algo que a gente odeia. Assista a conversa completa em: ========================= Para conhecer mais do

Leia mais »

Faça isso quando seu filho pedir algo. #shorts

Quando nossos filhos nos pedem algo, eles estão expressando a sua vontade, o seu desejo. E isso é legítimo. Nós também desejamos coisas. Isso não quer dizer que vamos atender essa vontade, mas validar esse desejo já ajuda muito. Embarque nos pedidos deles, imagine juntos e você vai ver como melhora o comportamento e diminui

Leia mais »

Os homens e a sobrecarga materna. #shorts

O episódio do chilique dessa semana falou sobre a saúde mental materna e como os homens precisam estar atentos às companheiras. ========================= Para conhecer mais do meu trabalho, clica aqui http://paizinho.link/links ==CRÉDITOS== Direção: Hugo Benchimol Edição e Pós-Produção: @ducashow Revisão: Evelyn Martins #parentalidade #filhos #paisefilhos #criacaocomapego #maternidade

Leia mais »

Bebês agem dessa forma. | #shorts

A maioria das tretas na pracinha são por conta das disputas de brinquedos entre bebês, quando na verdade, os bebês não tem muito a noção do que é brincar junto ou que aquele brinquedo é do outro. Falei sobre todas essas tretas no vídeo abaixo: ========================= Para conhecer mais do meu trabalho, clica aqui http://paizinho.link/links

Leia mais »

Comentários

5 comentários em “Gritei com o meu filho, e agora?”

  1. Minha filha que ja é adulta foi quem gritou comigo. Ela sabe que isso desperta um gatilho emocional em mim (pois tenho trauma) o pai dela gritava muito comigo e com ela também.
    Ela pediu desculpas, mas não consigo desculpa-la. Como faço para desculpa-la no meu coração?

    1. A melhor forma de desculpar é dando tempo ao tempo, e lembrando da idade e estágio de desenvolvimento da sua filha (que imagino ser pequena). Lembrar que você é a adulta da relação, e que sua filha não possui culpa alguma disso.

  2. Ja gritei 2x com meu filho…. e eu morri 2x.

    Ele tem so 2 anos, mas na hr de dormir, eu coloco mozart para bebes baixinho, ele toma a mamadeira e depois fica rolando e fazendo “ahhhhh pum” e batendo com os braços na cama. Eu falo calmamente filho agora é hora de descansar… fecha o olhinho, rezo pro papai do ceu com ele. Mas depois de 1h continuando fazendo isso eu peguei ele no colo, olhei nos olhos e ele me empurrando e eu falei agora e não hora de descansar coloquei na cama ele continuou, depois de repetir isso mil vezes, eu gritei, rapido e curto PARAAA. Ele se assustou, chorou… eu abracei, pedi desculpas, nao era pra ele ter se assustado assim… fui pessima, e depois de se acalmar um pouco do susto ele dormiu. E eu estou aqui, pessima. Pq isso ja aconteceu 2x. Ele simplesmente parece que nao me escuta enquanto eu falo calmamente, e eu nao sei onque fazer. Deixo ele rolando e batendo na ca até cansar sozinho e dormir? Nao sei o que fazer…. só sei que não quero nunca mais ver ele asustado comigo. Eu sou o porto seguro dele… foi horrivel.

  3. Bruna Andrade

    Fico com minha filha o dia todo, sozinha!!
    Faço brincadeiras, danço, brinco, deixo ela a vontade para brincar também! Mas há momentos que falamos que não pode fazer certas coisas, que coloca em risco a segurança, mas não adianta! Converso, explico o porque não pode. Mas mesmo com todas essas ferramentas que ultilizo, vem o desafio, de continuar fazendo o que não era para fazer, por conta da sua segurança.
    Aí, vem o grito, dá uma raivazinha, o que é normal
    Pois, acima de tudo sou ser humana, e erro! Mesmo tentando não fazer isso, é inevitável. Sei o quanto é prejudicial para criança um grito, mas depois de muita conversa e muita calma, o grito torna como scape, um socorro, uma falta de opção. (Não estou justificando), quando grito com minha filha, dou o direito a ela de gritar também, e isso é triste, fico me sentindo um monstro depois. Mas acredito, que eu tenha capacidade de mudar isso, assim como muitas mães tem, vamos mudar essa realidade, sei que não é tarefa fácil, mas já conseguimos fazer tanto. Conseguiremos mais essa!! Espero que meu comentário chegue a muitos pais, que passam pelo mesmo que estou passando, mas assim com eu, está tentando mudar!

  4. Muito obrigada!! Eu não tenho palavras p descrever o quanto precisava ler isso…

    Me cobro tanto… me sinto tão incapaz as vezes…

    Quero fazer o melhor, mas ainda assim, em alguns momentos perco o controle e o grito acontece… E aí vem a culpa… cobrança… culpa…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *