Uma das coisas mais importantes que eu aprendi com meus estudos sobre disciplina positiva e comunicação não-violenta é que o comportamento diz respeito a algo que a criança está sentindo e não consegue comunicar. Que existe alguma necessidade não atendida que precisa ser olhada.
Nenhuma criança apresenta um mal comportamento sem motivo. Ao contrário do que a sociedade acredita, crianças não são seres dissimulados e manipuladores. Pelo contrário. Crianças só querem ser aceitas e amadas.
E se de alguma forma ela está agindo de forma desafiadora, é porque existe algo que precisa ser olhado e cuidado.
Nossa visão sobre o comportamento costuma ser muito superficial e não paramos para buscar o que a criança está tentando comunicar, mas ainda não tem maturidade para elaborar.
Adultos também se comportam mal quando alguma coisa incomoda. São rudes, ficam irritados e reclamam de tudo. Só que no caso dos adultos, nós tentamos descobrir o que aconteceu para ele agir assim.
Por isso é tão importante um olhar curioso e cuidadoso para a criança que está com algum comportamento desafiador. No lugar de pensar como corrigir, se pergunte o que pode estar causando isso.
Qual o contexto do comportamento? Teve alguma mudança na rotina, na dinâmica da família? O que ela pode estar com dificuldade de expressar?
Por exemplo: Você vai buscar seu filho na escola e ele chora e grita por qualquer motivo que seja. Punir e gritar com ele não vai acalmá-lo. Talvez tenha passado o dia na escola controlando várias emoções fortes e ao te encontrar, ele se sentiu confortável e seguro para extravasar toda a tensão dos momentos que ele estava longe.
Nesse caso é interessante saber com a escola se teve alguma situação diferente, alguma mudança na turma, na rotina ou algo que cause sofrimento na criança e que justifique o comportamento dela.
Outro exemplo é quando depois de passeio ou um dia legal brincando, a criança passa a ter comportamentos desafiadores, a se jogar no chão, gritar e chorar. Além de motivos físicos como sono, cansaço e fome, ela pode agir assim porque de fato é muito difícil parar a brincadeira ou atividade divertida para ir embora. Ela não está agindo mal por que é mal ou ingrata. Ela está frustrada.
Podemos dar nome a esse sentimento, validar que realmente é muito divertido e que ter que ir embora é chato mas que vocês precisam ir. E acolher se for necessário.
A criança que se comporta mal está pedindo ajuda para lidar com algo que ela sente e não consegue dar conta.
E é pra isso que precisamos olhar. Muito além de pensar na ferramenta ou estratégia para resolver o comportamento.
O que o comportamento está tentando te comunicar?