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Sentidos do Ninar

"Na hora de embalar o filho para dormir, cantar uma música pode ter mais significados do que imaginamos. Leia esse belo relato do Thiago de Moraes sobre a rotina de sono dele com seu filho."

Quando o Frederico nasceu, passei a fazer ele dormir no colo, com a cabeça em meu ombro, entoando uma musiquinha. Às vezes só a melodia, às vezes cantava baixinho alguma letra. Após algum tempo, e confesso que perdi o marco onde tudo isso mudou, cantarolei uma música instrumental específica, e que nos marcou bastante.

Raramente fico obcecado por alguma música, mas anos atrás ouvi uma na TVE, executada por Hique Gomez, e nunca mais esqueci. Não sabia o nome, em que ocasião foi tocada ou ela inteira. Estava zapeando por canais quando parei, fascinado, no violino do Hique. Depois, quando passei a buscar a música por aí, lembrava de pequenas parcelas do todo e, mesmo assim, para mim eram inesquecíveis. Após muita busca, encontrei a bendita na internet, por puro acaso. Chama-se “Guedali”, executada por Hique Gomez na peça Teatro do Disco Solar. Pude ouvir, finalmente, aquela bela música.

“Guedali” foi, portanto, a música que cantarolei para o Frederico uma vez e que o fez adormecer rapidamente. Não sei se pelo fato de a música ser longa ou pelo fato de ter lhe agradado a melodia. O fato é que sempre uso a mesma, seja com ele agitado ou calmo, para fazê-lo dormir. Pode ser no início ou no final do ritual, mas sempre uso. Ele já entende que é a música do sono. O que me intriga mais não é o fato de ele dormir calmamente ao final dela ou de sua repetição, mas sim o motivo de eu tê-la escolhido. Ainda hoje, que ele tem quase três anos, “Guedali” funciona muito bem.

De alguma forma, acredito que eu tenha buscado, mesmo que inconscientemente, algo que me transmitisse calma, conquista, ternura, e que me lembrasse de uma busca que, afinal, concluí, e que apaziguou a alma para sempre. Talvez o encontro com a tal música e o nascimento do Frederico sejam gêmeos separados alguns anos do nascimento, e que finalmente puderam se encontrar. Talvez eu queira projetar o melhor dos meus desejos e encontros pela vida no meu filho e, me acalmando com tudo isso, também lhe transmito essa.

Talvez, no fundo, aquela busca por não sei o quê tenha terminado. Passo, agora, a conviver com a alegria do que foi encontrado, ninando, nesse ritual de sono, a nossa existência, o nosso futuro e os nossos sonhos.

Thiago de Moraes

Thiago de Moraes

Pai do Frederico e do Henrique e companheiro da Carol. Escreve porque a paternidade transborda.

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