Se existe apenas uma certeza nessa vida de criar filhos é que iremos errar. E muito. Até mesmo pais e mães que já conhecem bastante a disciplina positiva, por exemplo, vão errar e isso acontece por um simples motivo: nós somos humanos.
Mas ter consciência desses enganos é uma parte importante de como nós responderemos a momentos de conflito no futuro e até para identificarmos quando estamos precisando de alguma ajuda.
Eu terminei de ler há pouco tempo o livro No-Drama Discipline, escrito pela Tina Payne Bryson e pelo Daniel J. Seigel. Esse livro, infelizmente, ainda não tem tradução para o nosso idioma, mas parece que uma está em andamento. De toda forma, é um ótimo livro sobre disciplina positiva e o último texto do livro é justamente uma lista dos vinte enganos que nós costumamos cometer.
Resolvi, então, fazer uma lista aqui inspirada no livro e, devo admitir, que o engano #4 é o engano que eu mais cometo! Eu realmente preciso me policiar mais!
1- Nossa disciplina começa a focar na consequência e não no ensinamento
Quando os nossos filhos apresentam algum comportamento muito desafiador, ou quando nós mesmos estamos passando por alguma dificuldade na vida, a tendência é que nosso foco comece a ser na resposta imediata a um comportamento.
Nós começamos a pensar que precisamos dar uma resposta imediata a todo e qualquer comportamento que nos desagrade, e aí entram as punições e castigos. Então é sempre bom perguntarmos a nós mesmos qual é o real objetivo da disciplina: ensinar nossos filhos a viver bem no mundo, ensiná-los a entender o que acontece dentro deles, em seus corpos e seus sentimentos.
E sempre que nós conseguimos pensar assim, tentamos encontrar maneiras mais criativas de ajudar nossos filhos a aprender essas habilidades. São nessas horas que o castigo e a punição perdem o sentido.
2- Nós pensamos que quando estamos educando, não podemos ser amáveis
É possível ser calmo e amoroso quando você está disciplinando seu filho, mas, muitas vezes, nos pegamos pensando que precisamos ser duros e grosseiros — intencionalmente — com os nossos filhos, para que eles aprendam uma lição.
Na verdade, é importante que, mesmo quando estamos estabelecendo os limites razoáveis da disciplina, que façamos isso com empatia e afeto, porque isso comunica respeito para a criança. Pode parecer que não, mas usar um tom de voz que transmita essa amorosidade é muito poderoso no sentido de trazer os filhos para perto, ao invés de afastá-los.
3- Nós confundimos consistência com rigidez
Ser consistente significa que você vai trabalhar com uma ideia que é confiável e coerente, para que os seus filhos sintam-se seguros, justamente porque sabem o que esperar de você e vice-versa. Mas isso não significa que você precisa seguir — e fazer seus filhos seguirem — um conjunto de regras rígidas e imutáveis.
Como eu já escrevi no texto É Importante Ceder, você pode abrir exceções eventualmente, ou aliviar em alguns momentos, para o bem da flexibilidade. Afinal de contas, se queremos ensinar nossos filhos a serem flexíveis, precisamos ensiná-los através do exemplo.
4- Nós falamos demais
Ahhhhh, e como nós falamos! Mesmo nos momentos em que nossos filhos estão passando por uma crise e simplesmente não conseguem ouvir o que temos a dizer, aí que nós falamos mais ainda. É difícil, mas são nessas horas que precisamos ficar calados, porque quando falamos aos montes para uma criança que está muito triste ou brava, é algo normalmente improdutivo.
Podemos tentar, então, usar mais da comunicação não verbal. Podemos abraçar, acariciar, sorrir ou oferecer aquele olhar empático. E só depois que a criança estiver mais calma e pronta para ouvir, aí sim, podemos falar de uma maneira simples, ajudando nossos filhos a refletir sobre o ocorrido.
5- Nós focamos demais no comportamento e não no que está por trás dele
Sempre nos pegamos focando demais no comportamento em si, como um problema que deve ser combatido. Mas sempre que fizermos isso, estaremos apenas olhando para o ponta do iceberg, porque existe ainda uma gama enorme de sentimentos e necessidades por trás disso que não estamos olhando, ou ajudando nossos filhos a lidar.
É como brincar de detetive: quando os nossos filhos estiverem apresentando um comportamento que não nos agrade, podemos investigar o que está por trás daquilo. Quais sentimentos estão acontecendo ali — frustração, raiva, cansaço, fome — e que são grandes demais para eles lidarem? Que necessidades não estão sendo atendidas, mas que eles não sabem como pedir ajuda de uma maneira socialmente aceitável?
6- Nós esquecemos de focar em como dizer o que queremos dizer
O que nós dizemos aos nossos filhos é importante, claro. Mas tem algo que é tão importante quanto, e isso é como nós dizemos isso. Não é fácil garantir que todas as vezes que nos comunicamos com os nossos filhos sejam de uma maneira amável e respeitosa, porque nós somos humanos e temos nossos dias ruins, mas que pelo menos isso seja o nosso objetivo.
7- Nós falamos aos nossos filhos que eles não deveriam sentir as emoções negativas
Sabe quando os nossos filhos têm uma crise intensa e nós acabamos diminuindo a reação deles? Claro que não temos intenção, mas acabamos dando a mensagem a eles que só estamos interessados em tê-los por perto quando eles estão felizes quando não estão expressando emoções negativas. Nesses casos, dizemos coisas como:
— Quando você estiver pronto para ficar bonzinho, você pode ficar junto de nós.
— Fique no seu quarto até que você fique calmo, aí você pode ficar conosco na sala.
Ao invés disso, nós queremos passar a mensagem de que eles são amados e aceitos até nos piores momentos deles. E nós podemos dizer “não” para os comportamentos, mas ainda assim dizer “sim” para os sentimentos que eles expressam.
8- Nós exageramos na reação
De vez em quando, nós damos uma exagerada na reação, pensando que isso vai passar um senso de importância ou urgência na lição que queremos dar para os nossos filhos. O problema é que, quando fazemos isso, nossos filhos param de prestar atenção no que estamos tentando ensinar, e focam na nossa reação em si.
Além de sentirem medo das nossas reações, eles acabam focando mais em como nós fomos malvados ou injustos com eles naquele determinado momento. Ou seja, nem pensam naquilo que nós gostaríamos que eles pensassem.
9- Nós não pedimos desculpas
Do alto da nossa autoridade inatingível, reconhecer que erramos e pedir desculpas é algo inaceitável. Mas reconhecer a nossa humanidade e pedir desculpas pelos tantos erros que cometemos é uma das maneiras mais eficazes de ensinar nossos filhos sobre como reparar erros.
Quando reparamos os danos que causamos nas relações com os nossos filhos, oferecemos para eles a oportunidade de aproveitar uma relação muito mais real e significativa ao longo da vida. No texto O Poder da Reconciliação com Nossos Filhos (e Nós Mesmos), eu contei um relato sobre como um desses processos reparadores aconteceu comigo e o poder transformador que existe nele.
10- Nós aplicamos as regras em momentos emocionais e reativos, daí percebemos que exageramos
Às vezes, nós declaramos “sentenças” que são bastante exageradas:
— Vamos embora e você nunca mais volta nessa pracinha!
— Você me desobedeceu, então não vamos mais viajar no Natal!
Bem, fazemos ameaças assim quando estamos em momentos de descontrole, mas é importante ter consciência de que quando fazemos promessas (ou ameaças) que não podemos cumprir, perdemos credibilidade. Por isso que é importante usar essa oportunidade para reparar ou pedir desculpas pelo momento de explosão, afinal, todo mundo explode de vez em quando:
— Filho, eu fiquei muito bravo mais cedo, porque queria voltar logo para casa. Eu disse que não voltaríamos mais na pracinha, mas não é assim, podemos voltar sempre. Só que eu preciso da sua ajuda para que seja sempre um momento agradável na pracinha, tá?
11- Nós esquecemos que, às vezes, nossos filhos precisam de ajuda para tomar decisões ou para se acalmar
Quando os nossos filhos começam uma crise e perdem o controle, é difícil resistir à tentação de falar:
— Pare com isso agora!
No calor do momento, essa costuma ser a nossa reação imediata mas, se pararmos para pensar, os nossos filhos pequenos realmente não têm capacidade de se acalmar imediatamente, sob o nosso comando. Ou seja, nós precisamos ajudá-los a retomar a calma e tomar boas decisões.
E como fazer isso? A primeira coisa é nos conectando com os nossos filhos e, às vezes, nem precisamos falar nada para fazer isso. Um olhar ou abraço já pode ser o suficiente para que os nossos filhos recebam a mensagem de que entendemos que eles estão em um momento difícil.
Só então eles estarão mais propícios a nos ouvir e receber nossa ajuda para tomar melhores decisões na vida. E isso é completamente diferente de responder imediatamente a um comportamento que não aprovamos, porque, se no meio de uma crise nós formos duros cobrando que eles sigam uma determinada regra, o problema só vai escalar.
O melhor mesmo é esperar quando todos estiverem com a cabeça mais fresca para conversar sobre como resolver os desafios.
12- Nós somos influenciados pelo público
É praticamente impossível não nos deixar influenciar pelo que as outras pessoas podem estar pensando sobre nós, principalmente quando temos aquele sentimento de que todos ao redor estão nos julgando como péssimos pais ou mães.
São nesses momentos que costumamos tomar atitudes mais duras com os nossos filhos, porque estamos sob estresse e porque assim, talvez, aquelas pessoas no mercado, ou na pracinha, não nos julguem — tanto. Eu já escrevi como foi para mim uma ida ao mercado no texto Sobre Mercados e Bebês.
A melhor saída é tentar exercitar o let it go, e ignorar o que as pessoas possam estar pensando. Afinal, não são elas que estão criando os nossos filhos, e muito provavelmente nunca mais vamos encontrar essas pessoas na vida. E, então, podemos nos abaixar para falar com os nossos filhos, sem que ninguém precise ouvir.
Isso não só nos ajuda a nos controlar, mas também evita que eles se sintam humilhados em público, fazendo com que seja mais fácil ter uma resposta cooperativa dos nossos filhos nesses momentos.
13- Nós caímos na armadilha da disputa de poder
Qual é a reação do ser humano, quando ele se encontra encurralado, em uma situação de conflito? Ele luta (reage), foge ou fica estático, e essas reações têm a ver com a maneira que os nossos cérebros são estruturados. Com os nossos filhos, não seria diferente. Na verdade, é até mais intenso, porque as partes do cérebro que controlam esses instintos primitivos ainda estão se desenvolvendo nos primeiros anos de vida.
Então, quando nossos filhos estão encurralados e ameaçados — por nós — a tendência é que eles revidem ou se desliguem completamente do que estamos fazendo. Por isso que é muito importante ter consciência disso, para evitarmos cair nessa armadilha. Podemos nos comunicar com os nossos filhos de maneira a evitar que eles entrem nesses modos reativos:
— Filho, então a gente vai beber o suco e depois vamos arrumar o Lego, tá?
— Olha, você está sujo de brincar na pracinha, como é que podemos resolver isso? Você prefere tomar banho com os seus cachorrinhos ou os carrinhos?
Desconstruir a relação de poder que tendemos a exercer sobre os nossos filhos é muito importante nesse sentido, porque evita que eles entrem nesse modo reativo, e convida os nossos filhos a serem mais cooperativos.
Ao contrário do que muitos de nós podemos pensar, isso não é sinal de fraqueza, ou “falta de pulso”: é apenas uma demonstração de respeito.
14- Nós educamos com base em nossas crenças e sentimentos, ao invés de responder aos nossos filhos especificamente
Normalmente, perdemos o controle com os nossos filhos quando estamos muito cansados, ou porque não temos nenhum tipo de ajuda, ou porque um dos pais está sobrecarregado — geralmente a mãe. Mas também podemos fazer isso porque foi como nós fomos educados quando crianças, ou simplesmente porque é um daqueles dias ruins que desejamos nem ter saído da cama.
Tudo isso é muito, muito compreensível e justificável. Afinal, somos humanos. Porém, o mais importante disso tudo, e, na verdade, o objetivo principal desse texto, é que quando nos tornamos conscientes dessas nossas reações, passamos a perceber que estamos reagindo aos nossos filhos somente com base no que está acontecendo dentro de nós, e nunca com base no que está acontecendo naquele momento com aquele filho específico.
Para mim, essa é uma das partes mais difíceis de criar filhos, porque requer uma certa dose de altruísmo: precisamos pensar não só em nós, mas nos filhos que dependem tanto de nós para se regularem emocionalmente. Por outro lado, isso não pode ser um objetivo imediato para nós, porque aí só vamos nos frustrar e reagir mal aos nossos filhos, cada vez mais. Eu sempre tento me lembrar que o caminho que percorremos é muito mais importante do que o objetivo final em si.
15- Nós constrangemos nossos filhos corrigindo-os na frente dos outros
Tente imaginar como você se sentiria se alguém que você ama muito, alguém muito importante para você, resolvesse dar uma bronca em você, dizendo que você faz tudo errado, que você nunca aprende, ou que você nunca ouve nada que dizem para você. Só de imaginar, já sinto meu rosto ficar vermelho de tanta vergonha.
É assim com os nossos filhos, eles se sentem envergonhados e, em dependendo do contexto, até humilhados quando são rechaçados publicamente. Na verdade, humilhação nunca é bom, nem quando você está sozinho com a outra pessoa em um quarto fechado.
Por isso, quando precisamos disciplinar nossos filhos em público, podemos levar em consideração esses sentimentos e tentar, sempre que possível, fazer isso em particular, seja falando baixo com eles, ou indo para outro cômodo para conversar, por exemplo.
E mesmo quando isso não for possível, precisamos ter cuidado para não deixá-los constrangidos em público porque, além disso não ser nada respeitoso, também vai tirar o foco deles. Eles não estarão focados naquilo que você quer ensinar, mas sim em como eles estão se sentindo expostos.
16- Nós assumimos o pior antes de deixar nossos filhos explicarem
Tem aqueles momentos de “mau comportamento” em que, antes mesmo de abrirmos a boca, ou — principalmente — deixarmos nossos filhos falarem, já temos todos os julgamentos e sentenças na nossa cabeça. Chegamos já falando de maneira bem rude, ou até gritando:
— O que é que você fez agora???
— Por que você fez isso?
Eu e você sabemos que, nessas horas, não estamos interessados de verdade na resposta real para essas perguntas. Dentro de nós, já “sabemos” o que aconteceu, porque já julgamos toda a cena e assumimos o pior dos nossos filhos. Pensamos que eles fizeram tal coisa porque não nos ouvem, ou porque são teimosos, ou malcriados.
Além disso, a mensagem que chega para os nossos filhos é:
— Eu não quero saber o que você estava pensando ou sentindo. Você está errado e ponto.
Mas talvez os nossos filhos realmente tenham uma boa explicação para o que aconteceu. Normalmente eles têm, afinal de contas, ninguém faz nada por pura maldade, ainda mais bebês e crianças. Por isso que tentar não julgar e fazer perguntas com uma curiosidade genuína podem ajudar, e muito, os nossos filhos e a nós mesmos.
17 – Nós subestimamos o que acontece com os nossos filhos
Sempre que os nossos filhos têm uma crise, ou respondem de maneira muito emotiva a algum evento, nossa tendência é menosprezar o que está acontecendo com os nossos filhos, porque julgamos a motivação deles como algo menos importante ou até ridícula. É aí que expressões famosas como essas acabam saindo das nossas bocas:
— Não precisa chorar por isso.
— Não foi nada.
— Você só está cansado, para de drama.
— Nossa você tá chata hoje.
Agora vamos exercitar um pouco a empatia: imagine como você se sentiria se alguém dissesse as mesmas coisas para você, quando você estivesse tendo uma crise? Nada bacana, né? Pois é.
Não é porque o motivo — que os levou a ter a crise — é pequeno para nós, que também será pouco importante para eles. Na verdade, se este motivo provocou uma crise desse tamanho, então deve ser algo realmente importante para eles, e minimizar seus sentimentos e experiências não ajudam os nossos filhos a aprender como lidar com seus sentimentos e com situações desafiadoras.
Então, mesmo que o motivo da crise pareça ridículo para nós, é importante perguntarmos aos nossos filhos o que eles estão sentindo e ouvir de verdade, validando sentimentos e mostrando a eles que entendemos o quão tristes eles estão. O simples fato de validar um sentimento já ajuda muito, podem apostar.
18- Nós temos expectativas enormes
Todos nós sabemos que nossos filhos não são perfeitos, mas, ao mesmo tempo, alimentamos umas expectativas que são meio absurdas, considerando a idade e o desenvolvimento deles. Por exemplo, esperamos que nossos filhos pequenos irão ficar tranquila e pacificamente sentados durante todo um longo jantar, em um restaurante.
Tem uma outra expectativa que criamos, e eu caio nessa armadilha o tempo todo: só porque nossos filhos se comportam bem em alguns momentos, ou porque eles conseguem lidar com seus sentimentos em algumas situações, esperamos que eles consigam se comportar bem e lidar com os seus sentimentos o tempo todo, em todas as situações. Mesmo que eles tenham conseguido lidar ontem com uma grande frustração, isso não significa que elas podem lidar bem com uma pequena frustração hoje.
É difícil entender e aceitar isso, mas quando eu comecei a ver essa flutuação emocional como algo natural, tudo começou a fluir muito melhor.
19 – Nós deixamos especialistas controlarem nossos instintos
Sabem os ditos especialistas, os autores de best-sellers e os doutores? Até mesmo os familiares que, por se acharem mais experientes que nós, ganham o direito — que ninguém deu — a nos dizer o que devemos fazer.
Na verdade, os únicos especialistas sobre os nossos filhos somos nós mesmos. Ninguém deveria dizer o que devemos ou não fazer, além de nós mesmos. Podemos nos informar com tudo o que existe disponível por aí, em termos de textos, vídeos, livros e conversas, mas não podemos esquecer de ouvir nossos instintos, escolher aquilo que mais faça sentido para nós e que mais se adeque às nossas realidades.
20- Nós somos muito exigentes com nós mesmos
Para fechar com chave de ouro essa lista, não poderia faltar o engano mais frequente: nós cobramos muito de nós mesmos. Nós esperamos que vamos ser os melhores educadores dos nossos filhos, sempre disciplinando da melhor maneira possível.
A grande sacada é que não existe a melhor maneira possível de disciplinar filhos, existe a nossa maneira, que é a melhor que podemos oferecer. Contanto que continuemos amando nossos filhos, e reparando os erros que cometemos aqui e ali, nossa vivência será positiva com os nossos filhos a longo prazo.
25 comentários em “20 Enganos Que Todos Cometemos – Disciplina Positiva”
Oi, Fernanda!
Pois é, essa idade é a fase dos “nãos” mesmo. Eles passam por isso para se afirmarem enquanto indivíduo, tipo “eu sou diferente de vocês, então vou fazer tudo ao contrário porque eu sou eu!”
É um grande desafio lidar com isso, mas passa, pode acreditar que passa! Sobre o desfralde, talvez seja interessante passar a perguntar mais, principalmente quando você perceber que ele está segurando, se ele não quer fazer cocô. Às vezes ele não se sente confortável com o vaso que usa, ou com o penico. Tente explorar maneiras diferentes para descobrir uma que ele se sinta mais confortável!
Olá Thiago!! Passo pela mesma fase dos mãos e a minha maior dificuldade é tentar conversar com o Miguel. As reações dele são as seguintes: sair correndo, falar sem parar (por exemplo quando ele quer comer bolacha na hora do almoço e falo que não é tento explicar o pq do não, ele fala sem parar: bolacha, bolacha…) ou simplesmente se fazer de surdo. Como estabelecer uma comunicação com uma criança que não quer me ouvir??
Qual é a idade dele?
2 anos e meio. Mas deixa eu adicionar as cerejas do bolo. Moramos com meus pais. É um desafio pq na concepção deles eu tenho que negociar tudo com o Miguel e tem coisas que não são negociáveis, como por exemplo quando o Miguel não quer jantar e quer comer bolacha. Não concordo com a frase: se você jantar, vai ganhar bolacha. Tem coisas que aceito negociar do tipo qual sabor de suco ele prefere, qual sapato ou roupa ele quer vestir, qual brinquedo ele quer levar para passear. Mas não concordo em premiações: faz x que você ganha y, ou mentira como a clássica da loja do shopping: depois a gente volta e compra.
Pois é, essa fase é difícil mesmo, eles agem basicamente no impulso! Eu concordo com você que existem coisas que podemos negociar, e outras coisas não. Com relação a recompensas, também sou bastante contra, e se você procurar, vai encontrar alguns textos e vídeos meus aqui sobre isso.
Agora, sobre a comunicação com o seu pequeno, eu sugeriria pequenos combinados, ou acordos. Eles costumam funcionar bem!
Sim, já li artigo seu sobre a recompensa. Mas vou tentar esses pequenos acordos. Espero que dê certo!! Aliás, vai dar!! Obrigada pela informação!!
Oi! Tente fazer um exercício de se colocar no lugar do seu filho: imagina você, indo na casa de alguém, que tem um monte de brinquedos legais que você nunca viu, daí você percebe que tem alguns que você não pode brincar, e que são justamente esses que você mais quer brincar, ironicamente. É muito difícil lidar com esse tipo de coisa, e quando a gente obriga a criança a devolver, é de se esperar que ela tenha uma reação muito negativa. Sei que é difícil, porque existe toda uma pressão dos outros adultos para que você “tome uma atitude” com o seu “filho mimado”, mas é muito mais eficiente exercitar o diálogo e maneiras criativas de resolver esses conflitos como, por exemplo, perguntar para o seu filho para encontrar outro brinquedo para a criança, ou trocar de brinquedo com ela, ou até brincar juntos com o mesmo brinquedo. Espero ter ajudado!
Oi, Carolina, obrigado pelos elogios! Sobre a agressividade, você já deu a resposta, quer dizer, seus instintos já deram a resposta. Um bebê de 18 meses não tem capacidade nenhuma de controlar impulsos, então, sempre que experimentar frustração, raiva ou ameaça, pode responder com agressividade. Fazer cara feia para o bebê não só não ajuda, mas faz com que ele tenha medo de você nos momentos em que ele mais precisa de ajuda e acolhimento também. Eu sugeriria que você insistisse na conversa com a escola, mostrando qual a conduta que você espera que tenham com o seu filho.
Thiago, entrando na conversa pois isso é o que mais me preocupa. Porém meu filho já tem 5 anos. Nessa idade eles ainda reagem instintivamente, ou em defesa, ou de caso pensado mesmo?
Oi, Michele! Com 5 anos, as crianças já conseguem controlar seus impulsos, mas isso não significa que elas consigam controlar seus impulsos 100% do tempo, porque nem a gente consegue isso.
Entendi. De fato até eu to meio descontrolada com toda essa situação… vou ler e reler 500 vezes e tentar aliviar minha cabeça primeiro pra então voltar a aplicar a DP. Infelizmente de fato eu estou muito focada em respostas rápidas e não consigo aliviar minha própria mente pensando no que fazer… Obrigada pelo artigo e pela resposta. Estava mesmo consumida pela culpa ontem. Vamos recomeçar. Abraços pra vocês.
Que você consiga uma vida mais serena, na torcida!
Thiago, eu descobri uma coisa bem chata que aconteceu na escola e que acredito que desencadeou esses problemas. Tem algum e-mail que eu possa te escrever para não expor aqui?
Pode mandar para [email protected]
Encantada pela disciplina positiva, até EU mudei….falo mais baixo, observo mais antes de agir. Porém, o que ocorre e não sei o que fazer é, quando estamos na presença de outras pessoas minha filha fica surda, simplesmente nos ignora (eu e o pai), grita conosco, mostra língua…aff, temos que ter um sangue de barata! O que fazer nesses momentos? Já tem amigos nos questionando que ela está sem limites, hoje tem 4 anos e se continuar assim, o futuro pode mandar na gente.
Vim correndo para seu blog, li e reli alguns artigos, e sei q é o que quero seguir….adoro os vídeos tb, obrigado Thiago por essa doação.
Oi, Andrea!
Que difícil, né? Será que você poderia dar um exemplo em detalhes da última vez que isso aconteceu?
Thiago, tenho sempre de ler e reler algumas das suas postagens sobre Disciplina Positiva, pois volta e meia me pego errando, mesmo sabendo que é um erro.
Às vezes estamos muito cansados e não levamos em conta o quão negativos estamos sendo com os pequenos…
Uma noite dessas mesmo, minha filha (3 anos e meio) estava muito agitada e não queria dormir. Nos deu um trabalhão para finalmente adormecer e eu confesso que perdi a linha com ela e falei coisas que não devia e que me arrependo. Fui super negativa… cadê o positivo, gente?!
Depois, quando paramos para pensar (coisa que não costumamos fazer no furor do nervosismo), percebemos que foram reações exageradas, que se parássemos pra pensar, nos afastássemos um pouco da situação e enxergássemos com empatia, iríamos entender que não era pra tanto e resolver tudo de forma bem mais saudável, tentando entender o que se passava com ela que não queria dormir.
No dia seguinte, claro, atinei que era porque ela não tinha passado a noite anterior bem e, como naquela estava se sentindo bem disposta, não queria perder um só minuto da nossa presença.
Fiquei triste porque na hora não pude perceber isso. Mas foi bom para aprender a parar e pensar: “Por que minha filha está agindo assim? Vou procurar a causa em vez de brigar por causa do comportamento.”
E é isso que é viver e aprender…
Na próxima já sei.
Oi, Fabiana!
Obrigado pelo seu depoimento. É exatamente assim, a gente acaba perdendo a mão nos momentos em que estão cansados, mas quando a gente se dá conta disso e cria essa consciência, as chances disso acontecer novamente no futuro são menores 🙂