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Disciplina Gentil Para Iniciantes: Estabelecendo Limites

"Como resolver conflitos gerados pelos limites que são necessários de serem estabelecidos aos seus filhos, mas tudo isso feito de maneira amorosa e com empatia."

Há alguns dias, li um texto incrível sobre limites, na visão da disciplina positiva. Um exemplo prático de como se deve resolver conflitos gerados pelos limites que são necessários de serem estabelecidos aos seus filhos, mas tudo isso pode (e deve) ser feito de maneira amorosa e com empatia. Esse texto é da Gauri que muito carinhosamente me autorizou a traduzir o texto. Aproveite também para visitar blog dela: Loving Earth, Mama!

Tem um detalhe muito interessante, porém. Quando pedi autorização para traduzir o texto, recebi algumas (várias) risadas da Gauri em resposta. O motivo? Gauri é portuguesa e esse era o primeiro pedido que alguém fazia para traduzir um texto dela para a sua língua nativa. A vida é cheia de surpresas agradáveis!

Disciplina Gentil Para Iniciantes: Estabelecendo Limites

Meu marido é um doce. Ele é também um crianção (no bom sentido) e AMA brincar com a sua filha. Ele é ótimo com as brincadeiras imaginárias, com artesanato e (surpreendentemente) em envolvê-la em atividades… Mas ele geralmente não é tão rápido no quesito disciplina. Eu sou a cuidadora primária e faço a maior parte na criação de limites, na nossa família. Recentemente, ele estava querendo se envolver mais nesse lado da criação, também.

Ele não lê muito sobre criação, mas concorda que a disciplina gentil, positiva é a melhor alternativa não apenas porque parece certo para nós, mas porque funciona – e ele vê nossa filha florescendo com essa abordagem. Hoje, eu o vi aplicar um limite e pensei que era um “livro texto” (em um livro de Connection Parenting – Criação com Conexão, presumo eu), então eu pensei que eu poderia compartilhar isso, já que é um exemplo tão claro:

  • Ele estabeleceu o limite (não andar de scooter dentro de casa). Ele disse isso gentilmente e com compaixão,mas também firmemente.
  • Ele segurou o limite (ele literalmente segurou a scooter e disse “eu não vou deixar você andar com ela na sala”). Sua linguagem corporal foi clara, também. Isto não iria acontecer (andar de scooter dentro de casa) – mas ele estava no nível dela, falando com um tom uniforme e pronto para ouvir tanto quanto para “dizer”.
  • Ele empatizou com a Nika. Ele ouviu e validou todos os sentimentos dela pelo período que ela precisava para expressá-los – toda a sua raiva e tristeza sobre esse limite e não podendo fazer a coisa que estava pronta para fazer. A maioria dos seus sentimentos ela expressou através do choro. (Ele disse coisas como: “eu posso ver que você realmente queria andar de scooter aqui. Parece muito mais divertido, né? Mas não é seguro. Você poderia escorregar ou poderia arranhar nosso novo piso de madeira, ou você poderia passar por cima de um dos seus brinquedos… Você pode andar lá fora sempre que quiser. Apenas peça e você poderá andar de scooter no pátio”. Ele continuou nessa linha – embora, de maneira geral, ele tenha ouvido MUITO mais que falado)… Ele também abriu espaço para negociação e comprometimento. Ele respondeu a todas as perguntas dela e no final concordou em um compromisso, ela pode andar de scooter sentada (sugestão dela) bem devagar e cuidadosamente, ela irá ajudar a limpar o chão antes de andar, se houver “detritos no chão” mas ela não pode andar no quarto. Andar de scooter está estabelecida agora como uma atividade ao ar livre em nossa família.

Para mim, esta é a simples fórmula para criar limites amáveis:

  • estabeleça o limite
  • segure o limite, firme mas gentilmente
  • escute e seja empático com tudo que surgir com o seu filho em reação ao limite

E você pode usar essa fórmula para qualquer limite que você precise estabelecer, desde “não bata ou morda” até “sim, mamãe precisa mesmo sair agora” e se possível, você fica com eles o tempo necessário até que eles “digam” para você (normalmente em lágrimas) o quanto aquilo é uma droga para eles, ou quão tristes ou com raiva eles estão. E pessoalmente eu acho que assim que este processo estiver concluído, todos nós vamos nos sentir mais próximos uns aos outros e prontos para “reagrupar o cardume” novamente, cooperar e mover-se juntos como uma família. Eu posso sentir isso em mim e ver isso no comportamento da minha filha, enquanto que ela se torna invariavelmente mais livre, confidente e empenhada.


Eu compartilho isso sabendo que castigos são a escolha do momento. E eu entendo que de muitas maneiras os castigos são mais fáceis e têm “efeitos” visíveis mais imediatos, entretanto eu não acho que castigos são a melhor escolha a longo prazo. Eu espero que você considere o “amor amável” como uma das (muitas) alternativas eficazes aos castigos. E para qualquer um que estiver imaginando, aqui estão alguns artigos que realmente entram em todos os pontos negativos dos castigos:

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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Comentários

23 comentários em “Disciplina Gentil Para Iniciantes: Estabelecendo Limites”

  1. Valéria Masson

    Olá, Thiago! Adorei seu blog.
    Já tinha tido contato com a Disciplina Positiva, comprei o livro da Jane, mas tenho um pouco de dificuldade de praticá-la com o meu filho de 1 ano e 3 meses.
    Agora, ele tem ataques de birra, quando não fazemos o que ele quer (se joga no chão e chora) e bate, se estamos com ele no colo.
    Não sei onde ele aprendeu esse tipo de comportamento ou se isso já é “original de fábrica”. Mas, mesmo não repreendendo com castigo e explicando o quanto ficamos tristes com aquilo e explicando os limites, temo que ele não esteja entendendo.
    Você tem algum texto que fale sobre a disciplina positiva nessa idade?
    Obrigada.
    Abraço
    Valéria

      1. Valéria Masson

        Muuuuuito obrigada! Já está me ajudando muito!
        Ganhou mais uma fã, seguidora, admiradora e uma “ajudante”.
        Abraços

  2. Oi Thiago! Tb adoro seus textos e estou tentando pensar mais positiva mente, como mãe e psicóloga que atende muitas crianças. Já indiquei seu blog para alguns pais!
    Minha dúvida (e pedido de ajuda!) é sobre como aplicá-la com os bebês! Meu filho tem 1 ano e 4 meses, e ainda nao entende ou se comunica tão bem.
    Estamos com problemas sérios com relação às tomadas da casa, por exemplo.
    Pode me ajudar?
    Obrigada e continue, por favor!
    Forte abraço!
    Daniela

    1. Nesses casos, o mais fácil é tornar o ambiente positivo, ou seja, mais propício ao sim do que ao não. Especificamente sobre tomadas, você já tentou protetores de tomadas?

  3. Olá!!!
    Achei interessante essa abordagem. No entanto tenho muita dificuldade em praticá-la com os meus filhos. Primeiro porque a educação que eu tive foi super autoritária, segundo tenho muita dificuldade em lidar com as “birras, caras feias e resmungos” do meu filho quando digo Não para ele. Eu me sinto perdida porque a minha intenção é a melhor, ensiná-lo que nem sempre teremos o que desejamos, mas não sei lidar com as reações dele que reclama de tudo. Quanto mais eu converso, mais grita e quase sempre não aceita o Não. Estou aberta a conhecer mais pq sei que estamos sofremos e queria aproveitar mais essa fase para me comunicar melhor com ele. Obrigada pelas ficas !!!

    1. Ah, Josani, seu relato é muito relevante, porque retrata a realidade de muitas mães e pais! A maioria recebeu uma disciplina punitiva quando criança, e lutar contra esses “fantasmas” quando nos tornamos mães e pais é um grande desafio.

      Gostaria de sugerir que você lesse mais e mais textos sobre disciplina positiva, creio que irá ajudá-la a refletir melhor sobre essas questões. Veja alguns desses textos aqui:

      https://paizinhovirgula.com/category/criacao-apego/disciplina-positiva-criacao-apego/

  4. Muito bom o relato. Eu estou tentando, mas ainda não cheguei lá, a estrada é árdua por demais, minha criação foi diferente e ainda tem os “palpiteiros” de plantão.
    Será que um dia eu consigo?
    Obrigada por compartilhar.

    1. Oi, Georgia!

      Só o fato de você estar aqui, lendo e refletindo sobre isso, já é um grande sinal que você consegue sim. Acredite nos seus instintos e siga o seu coração, que tudo vai dar certo 🙂

  5. Maria Elisa Pessina

    Oi Thiago,
    seu blog é um destes achados na internet. Acompanho seus posts com muito entusiasmo. Você transforma em reflexoes e teorias (ou as apresenta) coisas que minha intuição de mãe sempre me apontou. Que felicidade isso!
    Por outro lado, me traz um sofrimento. Meu marido vem de uma educação repressiva, onde criança não é ouvida, se insistir leva um grito ou ameaça, nunca sao ouvidas por ele. E percebo claramente o sofrimento que isto causa nas crianças. Tenho tranquilidade em falar isso, pois encaminho muitos de seus textos pra ele na tentativa de sensibiliza-lo para a importancia do ouvir e acolher as criancas nas suas colocações e sentimentos. Mas ele ignora, chega a se achar um super pai, tamanha a cegueira. Meus filhos começam a apresentar sintomas graves, como excesso de timidez, principalmente, no relacionamento com adultos. Interagem bem com crianças, mas com adultos tem uma relação quase de altista, seja na escola ou no circulo da familia ampliada, etc.
    O que você recomenda nestes casos? Vou torcer para que você me pontue alguma coisa, pois já venho tentando muitas alternativas. Ainda com um possivel divorcio, a relacao pai e filho continuara, e meu medo é justamente as consequencias desta relacao na personalidade de meus filhos.
    Com admiração,
    Elisa

    1. Olá, Elisa!

      Puxa, muito obrigado pelo carinho! É sempre ótimo receber comentários como o seu!

      Com relação ao seu marido, é realmente uma situação muito triste. Imagino como você deve se sentir no meio disso tudo, mas realmente o melhor caminho é tentar ajudá-lo a mudar a relação dele com o seu filho. Muitas pessoas pensam em separação, como você disse, mas eu sempre penso que a separação deve ser cogitada quando a relação do casal não funciona mais, e não exatamente por causa da relação pai e filho. Afinal, como você mesma disse, mesmo separando, ele continua sendo pai.

      Sendo assim, não resta muita coisa além de muito diálogo. Mostrar empatia com relação ao que ele sente, principalmente em relação ao que ele sofreu enquanto criança, pode ajudar a sensibilizá-lo. Então esse é um caminho que eu sugeriria. Esse guest post do meu querido amigo Alexandre fala muito bem sobre isso:

      Outro caminho seria levá-lo para conviver e conversar com outras famílias (e principalmente homens) que acreditam e praticam a criação com apego. Não sei se onde você mora isso é possível, mas aqui no Rio eu sempre incentivo que toda a família vá aos encontros da API Rio, para ouvir que é possível criar com respeito e afeto, independente se você é pai ou mãe.

      Espero ter ajudado um pouquinho 🙂

      Um abraço a todos vocês,
      Thiago.

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