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Três Coisas Que Eu Aprendi Nesse Primeiro Ano de Paternidade

"Nesse primeiro ano de paternidade, meu filho também me ensinou a ser uma pessoa melhor. Com ele, consegui aprender o que é tolerância, empatia e compaixão."

O fim de ano chega e é sempre a mesma coisa: tempo de retrospectiva. Tanta retrospectiva que eu nem tenho paciência para abrir qualquer link que tenha essa palavra, e como deve ter mais pessoas por aí sentindo o mesmo que eu, eu resolvi (estrategicamente) não chamar isso de retrospectiva. Na verdade é, mas não é.

Dante nasceu em 11/12/2012. Então 2013 foi, basicamente, o meu primeiro ano de pai. Por isso, que falar sobre como tem sido essa história de ser pai é quase uma retrospectiva de 2013, principalmente se você considerar que ser pai (e marido) foi o papel mais importante que desempenhei nesse ano.

É engraçado olhar para trás e ver o quanto eu aprendi ao longo desse primeiro ano. Na verdade, comecei a aprender muito já durante a nossa gravidez, mas digamos que a curva de aprendizagem deu uma bela inclinada com a chegada do Dante. Aprendi muita coisa com ele: aprendi a trocar fralda mesmo quando ele está se contorcendo todo para sair do trocador, aprendi a fazê-lo sorrir quando ele está tristonho, aprendi a saber quando ele está fazendo cocô, aprendi a dizer se ele tem fome ou sono, aprendi a respirar fundo quando ele chora de raiva por não saber lidar com a frustração, aprendi a rir com ele, aprendi a não me estressar quando eu perco a hora do trabalho, e por aí vai.

Mas isso é basicamente o que todo pai acaba aprendendo, né? Eu quero mesmo é falar um pouco sobre três coisas que eu aprendi com ele que eu consegui levar isso para a minha vida, como um todo. E, de quebra, acabei me tornando uma pessoa melhor.

 Tolerância

Acho que tolerância foi uma das primeiras características que eu percebi que precisaria desenvolver logo. Pode parecer bobeira dizer que precisamos ser tolerantes, muitos dirão que é até piegas, mas ser tolerante é uma habilidade que eu pouco dominava e reconhecia, mas que precisei trabalhar bastante.

Nesse mundo, existe uma penca de pessoas e seria uma prepotência gigantesca imaginar ou exigir que todas pensem da mesma maneira. O que mais tem por aí são pessoas que pensam diferente de você, e não precisa ir muito longe não: dentro da sua própria família você encontra pessoas que pensam diferente de você, fácil, fácil. Comigo não foi diferente: minha mãe, por exemplo, tem pensamentos bastante diferentes dos meus no que diz respeito à criação de filhos. Não que ela seja a favor de bater em crianças, por exemplo, mas ela é adepta da criação tradicional autoritária.

Então, nos primeiros meses, eu tentava argumentar muito sobre o que nós pensávamos, em como poderia ser diferente e, quase sempre, as conversas viravam uma discussão acalorada que não levava a lugar nenhum. Daí, aos poucos, eu entendi que tudo bem. Tudo bem se nós temos pensamentos diferentes e o fato de eu tentar mostrar a ela como eu crio o meu filho, esperando que ela concorde comigo seria demais.

Isso se estende a outras pessoas, outros pais, outras mães.

Compaixão

Compaixão foi uma palavra que ganhou novo significado para mim. Eu sempre achei que compaixão era pena, ou aquele tipo de sentimento que pessoas muito bondosas têm pelas menos favorecidas. E, como era de se esperar da nossa geração, eu fui criado pelo provérbio “quem tem pena é galinha”, ou seja, eu era completamente ignorante no assunto.

Ter um filho coloca você em situações muito sensíveis, e eu tive a sorte de me abrir para essa sensibilidade. Mergulhando de cabeça nessa experiência, tive a sorte de redescobrir a palavra compaixão. Compaixão trata do sentimento do outro, trata de ouvir, entender e reconhecer o sentimento do outro.

Reconhecer o sentimento de alguém é completamente diferente de sentir pena. E para reconhecer o sentimento de alguém, você precisa ouvir e se importar. Quem tem pena normalmente não ouve direito, tão pouco se importa.

Empatia

Eu deixei por último a coisa mais importante que eu consegui aprender com o Dante: empatia. Não que eu nunca tivera empatia , mas hoje eu vejo tudo muito melhor. Com um bebê, é muito importante que você exercite a empatia, porque você precisa entender o que ele está passando e se colocar no lugar dele para entender as dificuldades que ele está passando. Assim que você começa a exercitar a empatia diariamente, você enxerga que talvez ele esteja um pouco mais demandante por causa de um dente nascendo, ou um salto de desenvolvimento, ou porque está inseguro devido a alguma mudança na rotina.

E a beleza da coisa é que, de tanto você exercitar isso em casa, com o seu bebê, essa visão acaba transcendendo a sua família e muda a maneira com que você interage com outras pessoas. Quantas vezes, nesses últimos meses, passei por situações nas quais tive a oportunidade de me colocar no lugar de uma pessoa, para entender melhor o que ela está passando? No momento que você reconhece a dificuldade de alguém, você cria um vínculo com a pessoa. Ela passa a se sentir entendida e, às vezes, isso é o suficiente para ajudá-la. Afinal de contas, gente dizendo o que nós devemos fazer tem aos montes por aí, né?

Começamos então a fazer isso com o resto do mundo, e a entender que as pessoas têm suas realidades, suas opções e que a última coisa que elas precisam é de julgamento. Muitas vezes, elas só querem ser ouvidas.

 

E foi assim, cada vez que aprendia mais sobre a Criação com Apego, seja lendo ou nos grupos de discussão que participo, eu conseguia ver que se nós estamos tentando ensinar compaixão e empatia para nosso filho, precisamos agir assim com as outras pessoas, senão o ensinamento é falso e vago. Depois de muito apanhar nesse primeiro ano e muito aprender, somos hoje muito mais tolerantes e julgamos muito menos.

Eu sei que eu ainda não cheguei lá, que não sou nenhum líder da paz mundial e nem tenho pretensão para tal. Sei também que talvez nunca chegue lá, mas tenho certeza que sou um ser muito mais humano do que há um ano atrás.

Valeu, Dante!

Thiago Queiroz

Thiago Queiroz

Psicanalista, pai de quatro filhos, escritor, palestrante, educador parental, host dos podcasts Tricô e Pausa pra Sentir (dentre outros), autor dos livros "Queridos Adultos", "Abrace seu Filho", "A Armadura de Bertô" e "Cartinhas para meu pai", participou também do documentário internacional "Dads".

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